“VALEU A PENA!”

A desembargadora Marinildes concedeu entrevista coletiva após a sessão solene em sua homenagem Foto: Raphael Alves

Do site do TJAM:

Desembargadora Marinildes reconhece que, em 43 anos de carreira, viveu momentos difíceis mas também muitos momentos de alegria

O início foi difícil, porque na magistratura daquela época predominava o sexo masculino. Mas a desembargadora Marinildes Costeira de Mendonça Lima venceu todas as barreiras e hoje, ao olhar para trás, reconhece que cada momento de sua carreira foi importante para chegar ao dia de hoje, 9 de novembro, quando deixa a Corte de Justiça por força da compulsória e encerra a carreira, com a unanimidade de reconhecimento de seus colegas e respeito da sociedade amazonense.

Depois da sessão solene no Palácio da Justiça Clóvis Bevilácqua, ela concedeu a seguinte entrevista:

— Como a senhora avalia o encerramento de sua carreira, depois de 43 anos dedicados à Magistratura?

Marinildes Costeira de Mendonça Lima— Com o pensamento em Deus e o agradecimento à minha família e amigos. Graças a Ele encerrei minha carreira de 43 anos com as dificuldades inerentes do cargo, mas também com todas as suas alegrias e aprendizado. Valeu a pena todo o sacrifício.

— Com quantos anos a senhora entrou na Magistratura?

Marinildes Costeira— Tinha apenas 27 anos. Fiquei mais de 20 anos como juíza e 21 anos como desembargadora.

— Como foi o início de sua trajetória. Muitas dificuldades?

Marinildes Costeira— Me formei em 1966 e fui para Itacoatiara como juíza suplente, em 1977. Depois fiz o concurso para juíza e logrei o primeiro lugar, assumindo a Comarca de Boca do Acre, com os incentivos do meu pai e a aflição de minha mãe. Depois voltei para Itacoatiara como juíza titular e depois fui como juíza eleitoral para Manacapuru.

— A senhora foi a primeira mulher a presidir o Tribunal. Foi um tempo de muitas realizações, como o atual edifício do TJAM, por exemplo. Como a senhora analisa sua administração?

Marinildes Costeira— Cada administrador faz um pouco. A mim coube uma parte maior, porque acho que foi um tempo bom, a oportunidade foi boa e eu fiz o que pude dentro dos meus limites.

— Quando a senhora entrou para a desembarcatória, apenas uma mulher havia sido desembargadora (Nair de Vasconcelos). Naquela época, havia algum tipo de discriminação contra as mulheres no Judiciário?

Marinildes Costeira— No princípio tinha barreiras sim, mas como eu fui criada no meio jurídico, venci essas barreiras. Meus tios e meu pai (José Rebelo Mendonça) eram muito amigos dos desembargadores daquela época, como Azarias Menescal, João Meirelles, Paulo Jacob.

— É possível conciliar o papel de desembargadora, esposa, mãe e dona de casa?

Marinildes Costeira — É difícil mas é possível conciliar. Principalmente quando se tem o apoio e a compreensão da família.

— Que conselho a senhora daria para os magistrados que estão iniciando a carreira agora e pretendem um dia seguir uma carreira exemplar como a sua?

Marinildes Costeira — Primeiro seguir todos os procedimentos que a profissão exige. Saber julgar com isenção, se dedicar à judicatura e saber que a paz social somente é possível com Justiça.