Zona Franca de Manaus

Por Marcelo Ramos

Só nos afastando da mesquinhez das disputas eleitorais e colocando os interesses do povo do Amazonas acima dos nossos interesses partidários seremos capazes de fazer a tão urgente quanto necessária reflexão sobre qual o cenário econômico e social para o Amazonas nos próximos 30 anos, mantida a política do Governo Dilma de desmonte da ZFM.

Na maioria das vezes, a análise dos efeitos imediatos e superficiais das medidas, acaba por nos cegar e impedir de enxergar os efeitos mediatos e de conteúdo delas.

Num cenário com aprovação das MP’s 517 e 534, das declarações do ministro Aloísio Mercadante (Ciência e Tecnologia) de que estenderá os benefícios dos tablets para celulares e televisores e do ministro Fernando Pimentel (Indústria e Comércio) de que o Amazonas precisa encontrar outro modelo, parece-me que para o Governo Federal o processo de desmonte do modelo Zona Franca é fato consumado.

Então, o que será do Amazonas nos próximos 30 anos?

Rui Barbosa, escreveu a célebre “Oração aos Moços” na qual cuidou de desmistificar o ditado “o que os olhos não vêem o coração não sente”, para afirmar que o coração pode sentir muitos mais que os olhos podem ver.

Sem o PIM e sem tempo e nem capacidade de investimento para uma transição econômica pouco traumática, teremos um Estado com desemprego crescente, queda brusca de arrecadação e pagando uma absurda dívida de financiamentos.

Se os meus olhos não podem ver, certamente o meu coração pode sentir o que significa essa combinação – desemprego, queda de arrecadação e dívidas. Significa fome, miséria, violência e todos os males que uma avassaladora crise econômica nos imporá.

A gravidade do momento exige grandeza dos homens públicos. Precisamos afastar o que nos divide – julgamento da bancada ou do governo federal – e expressar em nota as autoridades e ao povo brasileiro o que nos une, a defesa do modelo e as medidas necessárias para preservar os empregos e a economia do Amazonas.

Seremos capazes de fazer isso?