Por Osíris Silva
O CODESE (Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Manaus), criado em 2016, é formado pela sociedade civil organizada. Reúne entidades representantes e representativas de segmentos capazes de contribuir para o planejamento e a busca de soluções alternativas para a economia do Amazonas. Sua finalidade precípua consiste em induzir a classe produtiva a se tornar protagonista do futuro do Estado, elaborando e atualizando, de forma contínua e participativa, planos, estudos e projetos vinculados a tais propósitos. A entidade, sem fim lucrativo, foca suas ações, principalmente, sobre iniciativas e mecanismos que melhor se ajustem à promoção do crescimento urbanístico, social e econômico.
O CODESE tem se voltado fortemente à investigação das causas da perda de atratividade da ZFM. Ao que supõe, decorrente, sobretudo, das transformações tecnológicas, da perda de competitividade mercadológica e de políticas públicas federais adversas. Fatores de difícil enfrentamento, com efeito, por se tratarem de circunstâncias extra muro. Outros fatores, contudo, dependem principalmente da vontade e iniciativas locais, como as questões relacionadas à qualidade de vida e ao ambiente de negócios. Os estudos que fundamentaram a instituição do Conselho constatam, por outro lado, que, devido ao PIM haver se tornado o carro chefe da economia da ZFM, pouca atenção se dispensou ao desenvolvimento do setor primário e à exploração dos recursos de nossa bioeconomia. Razão básica da fragilidade do modelo.
Contudo, problemas derivados de uma guerra de soma zero, do tipo menos 1 mais 1, em que ninguém ganha, dão claro sinal da extrema necessidade do engajamento da sociedade organizada no combate ao dissenso protagonizado pelo governo Federal contra estados de menor expressão política, como no caso da redução de incentivos às indústrias do polo de concentrados da ZFM. Há fortes movimentos pelo lado da iniciativa privada em reação a essas adversidades. O caso do Comitê Cidadão, que elaborou um conjunto de sugestões a título de contribuições do setor produtivo para a Mobilidade Urbana de Manaus entregue à PMM em junho de 2017.
Para o coordenador-geral do Comitê Cidadão, empresário Stanley Braga, o plano constitui “um marco da cidadania em favor dos interesses da municipalidade, ao oferecer, sem custo para o Município, propostas técnicas para graves problemas no âmbito da mobilidade urbana”. O documento foi desenvolvido por engenheiros da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam), Centro das Indústrias do Amazonas (Cieam), Federação da Agricultura do Amazonas (Faea), Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Manaus (Sinetram), Conselho Regional de Arquitetura (Crea-AM), além do Sinduscon-AM, CAU/AM, Corecon-AM, Cremam, Setcam, Comitê Cidadão, Sifretam, Câmara de Comércio e Indústria Nipo-Brasileira do Amazonas.
De fato, em torno de agendas positivas como as estruturadas pelo CODESE e Comitê Cidadão, e por outros movimentos que se multiplicam pela cidade, é plenamente viável levar a cabo ações voltadas, por exemplo, à evolução tecnológica da ZFM, à reestruturação e modernização do sistema de planejamento e C&T, à otimização da administração da política de incentivos fiscais, ao fortalecimento da agropecuária e ao ecoturismo; à refundação do CBA, ao resgate da autonomia da Suframa, incluindo o fortalecimento de seu quadro técnico e o papel de agente do desenvolvimento da Amazônia Ocidental. Segundo o economista Wilson Périco, presidente do CIEAM, “não podemos continuar reféns de Brasília, nem de conluios políticos! A economia amazonense não pode continuar tão dependente da capital!”. A saída, por conseguinte, consiste em incentivar a expansão e modernização da matriz econômica, juntando, no processo, sociedade civil e poder público no combate aos problemas conjunturais por meio de ações integradas, orgânicas e pragmáticas voltadas à consolidação do processo de crescimento do Estado.