No último artigo de 2017 – “ZFM, obrigatória diversificação do PIM” -, observo que o modelo pode ser considerado bem-sucedido, afastado, porém, da economia interiorana. Diferentemente de Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Campina Grande, PB, Pernambuco, Pará, não mencionando S. Paulo. São estados que investem acima da média em parques tecnológicos e cadeias produtivas que priorizam inovação tecnológica multisetorialmente, de cuja corrida o Amazonas distancia-se a cada ano.
A propósito do texto, recebi circunstanciado e-mail do empresário Jaime Benchimol, presidente do grupo BEMOL, no qual pondera pontos de extrema sensibilidade e significância econômica e de logística comercial, que precisam ser examinados atentamente pelo governo, lideranças politicas e das classes empresariais. Inicialmente, destaca “os riscos de obsolescência tecnológica de cerca de 45% das vendas do PIM provenientes de eletrônicos e informática como, por exemplo: televisores, aparelhos de som, microcomputadores, notebooks, tabletes, câmeras fotográficas, vídeo games, calculadoras, GPS, relógios, despertadores etc. Esses itens estão em processo acelerado de convergência para dentro dos smartphones e seus aplicativos e embora produzamos cerca de 60% dos smartphones do Brasil essa produção está longe de compensar as perdas nas vendas dos itens mencionados, principalmente porque a substituição está se dando também por softwares (apps) e não apenas pelos smatphones propriamente”
Importantes observações pontuadas por Benchimol: “Assim, o PIM, como você bem citou, precisa se renovar e se reposicionar, com urgência, sob risco de se tornar menos relevante a cada dia. É um megadesafio para o qual não temos nem para quem reclamar ou pedir ajuda. Cabe a nós encontrar os novos caminhos. Nesse sentido penso diferente da maioria dos economistas e estudiosos da ZFM. Creio que para agregarmos valor e descobrirmos novos caminho o maior passo seria abrir a nossa economia e convidar empresas e empreendedores do mundo inteiro para estudar, empreender na nossa região e desenvolver novos produtos, tarefa para a qual nos mostramos incapazes”.
De forma pragmática, sem subterfúgios ou evasivas, Jaime Benchimol afirma que “um outro caminho seria investirmos em infraestrutura para viabilizarmos (sem subsídios) a produção agrícola, pecuária, piscicultura, fruticultura, etc, especialmente nos eixos das estradas AM-010 (Itacoatiara) e AM-070 (Manacapuru). Com isso substituiríamos uma parte da compra de alimentos que trazemos de outros estados o que seria equivalente a aumentarmos as nossas vendas para outras regiões do país. Outra vertente que tem crescido muito diz respeito às instalações de armazenagem e transporte logístico de grãos. Há terminais de grãos em Porto Velho, Humaitá, Itacoatiara, Miritituba, Santarém, Macapá e Belém com mais de 600 balsas graneleiras escoando a produção de soja e milho do norte do MT para o exterior”.
Além da concessão de prioridade ao ecoturismo, setor com imensas perspectivas mercadológicas, o presidente da Bemol lança ideias de resgate de “nossas antigas vocações de produzir madeira, castanha, peixes ornamentais, juta, pau-rosa, copaíba, andiroba, etc etc.” Tais cadeias produtivas, salienta, “dificilmente terão a importância do passado, mas podem ser renovadas, modernizadas e transformadas em um vetor de crescimento com fortes efeitos de ligação com o interior do estado do AM, uma das regiões mais pobres da América Latina. Nesse sentido é essencial que reduzamos a influência do ambientalismo exagerado do qual nos tornamos reféns e que assumamos a intenção de usar pelo menos 10% de nossas florestas em prol da nossa economia e da nossa população”.
Tornar as soluções apontadas realidade depende tão somente de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, em quadros técnicos especializados e na formatação de política econômica de longo prazo voltada às próximas gerações, não às próximas eleições.