A ZFM é o único modelo que deu certo. Ao menos relativamente, pode-se admitir. Em relação ao Brasil a assertiva soa exagerada. Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Campina Grande, PB, Pernambuco e alguns estados do Nordeste, o Pará, não mencionando S. Paulo, são estados que vêm investindo acima da média brasileira na implantação de parques tecnológicos, campo em que a ZFM se distancia cada vez mais no tocante a cadeias produtivas que buscam inovação. Implantam-se ali centros manufatureiros que começam a alcançar padrão diferenciado em termos de processo e produtos, bom desempenho comercial e logístico, em alguns casos também mirando o mercado externo.
Realística e pragmaticamente, o governador Amazonino Mendes, durante a palestra do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na quinta-feira, 7, perante um auditório da FIEAM completamente lotado de empresários, executivos, dirigentes de órgãos de classe, autoridades governamentais, políticos e do superintendente da Suframa, foi enfático sobre a necessidade de ajustes do PIM. Objetivamente, afirmou havermos chegado “a um momento cruel, em que não se pode mias aceitar a Zona Franca de Manaus como se encontra”. Suas palavras, presumo, quiseram indicar explicitamente que o modelo estagnou, em face do que “precisamos mudar com urgência, com a compreensão patriótica do governo Federal”, salientou.
A crise brasileira, por si só não responde pela defasagem do nosso parque industrial; ao contrário, segundo Mendes, “a própria evolução tecnológica vem impondo a necessidade de mudança”. Em última instância, disse o governador amazonense, “agasalhamos uma Zona Franca claudicante”, isto é, com evidentes sinais de debilitação, de exaustão, de fadiga de materiais. Fortes sintomas indicativos da necessidade de se promover sua reestruturação e ajuste à realidade tecnológica, econômica e logística contemporânea. Biblicamente, é preciso que se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, e, vendo, vereis, mas não percebereis. Mateus 13:14.
O Amazonas (por enquanto, registre-se) tem 98% de sua floresta preservada. O Estado não recebe qualquer contrapartida, nenhum benefício por esse zelo cívico, fruto de uma logística geoeconômica meramente circunstancial. Evidentemente, não se defende desmatamento padrão corte raso, mas o uso sustentável da floresta por meio dos Zoneamentos Ecológico Econômicos (ZEEs), de projetos de manejo sustentável da floresta, do uso de áreas degradadas, estimadas em 15 milhões de hectares ao longo dNa Amazônia brasileira.
Considerando o “estado da arte” (científico, tecnológico, mercadológico e logístico) do Polo Industrial de Manaus – PIM, observa-se quão extensos são os campos que permitem expandir sua manufatura e significância econômica. Na verdade, o grande objetivo mirando 2073: modernizar-se tecnologicamente na busca do padrão mundial e assim diversificar e ampliar mercados. A economia do Amazonas, todavia, não se resume ao PIM (ou não devia), embora Manaus concentre 73% do PIB e 95% das atividades econômicas estaduais. Visão distorcida que considero, por certo, a mãe de todos os erros cometidos nestes 50 anos de vida da ZFM.
Penso seja consensual: obrigatória diversificação do PIM via investimentos na bioeconomia como forma de expansão do modelo industrial via incorporação ao perfil manufatureiro instalado o uso das riquezas da biodiversidade. A nova matriz econômica, o novo modelo industrial da ZFM haverá de assentar-se nas potencialidades da bioengenharia, nanotecnologia, biotecnologia, biofármacos, biocosméticos, nos serviços ambientais, e, sem dúvida, no ecoturismo e agropecuária tecnificada e capitalizada. Notoriamente, são reduzidas as alternativas. O governo tem de se convencer dessa verdade, superar fase contemplativa/defensiva e assumir atitudes, tomar decisões, criar fatos novos, inovar visão sobre as reduzidas opções que, tangivelmente, se apresentam à região.
Manaus, 18 de dezembro de 2017.