Por Osíris Silva
Ao aventar-se soluções alternativas destinadas a promover correções e ajustes na matriz econômica da Zona Franca de Manaus (ZFM), questões relacionadas à ciência, tecnologia e inovação (CT&I), subjacentes a todo e qualquer processo de desenvolvimento, logo despertam dramáticas inquietudes. Senão vejamos: numa análise comparativa do panorama internacional, observa-se que, segundo relatório da Agência Brasil, o país ocupa o 64º lugar no ranking mundial de inovação. Ganhou cinco posições em relação ao ano anterior, quando ficou em 69ª na listagem mundial. O índice é calculado pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual e tem como parceiro local a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A liderança do ranking pertence à Suíça, seguida por Países Baixos, Suécia, Reino Unido, Cingapura, Estados Unidos, Finlândia, Dinamarca, Alemanha e Irlanda. Entre os países de renda média-alta, o destaque foi da China, seguida por Malásia, Bulgária, Croácia e Tailândia. Entre os de renda média-baixa, os mais bem posicionados foram Ucrânia, Vietnã e Moldávia. Já nos países de renda baixa, alcançaram melhor desempenho Tanzânia, Ruanda e Senegal. O Brasil foi classificado na categoria das nações de renda média-alta, ocupando a 15ª posição neste grupo. Dentro da região latino-americana, o país ficou na 6ª colocação.
Estudos publicados por Grupo de Trabalho do SBPC-CT&I para um Brasil Competitivo, 2011, demonstram que o “significado da inovação nos tempos atuais envolve todo um sistema integrado no qual a pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico são componentes necessários, mas não suficientes desse complexo”. O Brasil, aponta o documento, que alcançou 2,7% da produção científica oficialmente indexada, não tem, todavia, “conseguido estabelecer vínculo entre a produção de conhecimento científico e tecnológico e a inovação tecnológica no setor empresarial”. Tal dissintonia, demonstra o estudo do SBPC, decorre de que “enquanto o Brasil ocupa a 12a. Posição no ranking internacional da produção científica, amarga a 28a. no ranking mundial de patentes, com apenas 0,1% de registros de patentes internacionais”.
Estes dados emitem, de forma peremptória, contundente, claro sinal de alerta para o Amazonas ao evidenciar o grau de dificuldade que assume o processo de incorporação da biodiversidade ao parque fabril da ZFM. Solucionar o impasse requer necessariamente a promoção de altos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, na formação de recursos humanos em níveis compatíveis aos padrões internacionais; na ampliação e modernização da infraestrutura de comunicações, dos modais de transporte e do fortalecimento de marcos regulatórios. Condição sine qua non para possibilitar ao país e à ZFM, em particular, ampliar e solidificar posições na corrida tecnológica mundial..
A aluna Tayanne Martins, do segundo período de Economia/UEA, envia-me e-mail no qual observa: “quando se fala em bioeconomia, biodiversidade, bioengenharia, etc, só me vem à cabeça o CBA- Centro Biotecnologia do Amazonas”. Ela fez o ensino médio no IFAM do DI, na mesma rua do CBA, e, como explica, “sempre admirava aquele prédio lindo quando passava lá na frente, e na época nem fazia ideia do que se tratava”. Seus questionamentos: 1) quando ativo, o CBA foi um dos protagonistas nessa área de biodiversidade?, 2) o que a nossa região está perdendo com a ausência do CBA?, 3) parece que o CBA vai entrar numa “nova fase” agora como organização social, quais as expectativas para essa nova fase?”. O Centro, criado em 2002, de fato, nunca foi plenamente “ativo”, jamais cumpriu, ao lado do Inpa, Embrapa, Universidade, da antiga Fucapi, do ex-CT-PIM, o papel de formulador de tecnologias disruptivas nos campos da biodiversidade, e de criar, conforme seus objetivos, “alternativas econômicas mediante a inovação tecnológica para o melhor aproveitamento econômico e social da biodiversidade amazônica de forma sustentável”. Continuamos aguardando seu florescimento.