Por Osiris Silva:
Suframa e Prefeitura de Manaus finalmente começam a ajustar uma agenda propositiva. Ao que se espera, em termos definitivos. Releguem-se ao passadas dissensões que têm marcado o relacionamento dessas entidades. O entendimento que anima o prefeito Arthur Netto e o superintendente da Suframa, Appio Tolentino, deve necessariamente estender-se ao governo do Estado e a outras entidades aqui atuantes. Os problemas vividos pela ZFM demandam soluções compartidas envolvendo forças governamentais e políticas, além das representações empresariais, em busca de soluções inovadoras capazes de ajustar aos tempos correntes nova matriz industrial e agropecuária local.
A parceria da Suframa com a PMM sobre o projeto de revitalização das vias do Distrito Industria, obra orçada em R$ 150 milhões a ser viabilizada com apoio do governo Federal, terá que dar um salto qualitativo muito maior visando promover a integração de ações voltadas à diversificação da economia do Amazonas. A participação da Prefeitura nesse processo, além de indispensável, é obrigatória. Acredito que essa também seja a visão do prefeito Arthur Neto. O mais importante: enquanto há tempo, que se realizem ingentes esforços para exorcizar os demônios personalísticos que, regra geral, toldam a visão de autoridades. Subjetivos, sob o manto de vaidades, melindres e egoísmos exacerbados e infrutíferos têm impedido nesses 50 anos o encontro de soluções compartilhadas. O Estado é maior do que tudo isso. Os gestores da máquina pública precisam, hoje mais do que nunca, de estar conscientes dessa contundente evidência.
O momento exige articulações céleres em relação aos benefícios da Lei do Bem (Lei 11.196/05), que cria a concessão de incentivos fiscais às pessoas jurídicas que realizarem pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica. O planejamento estratégico tem de estar arrimado nas premissas desse mundo novo. Fundamental o entendimento segundo o qual embora o governo do Amazonas tenha um, a Sudam outro, a Suframa com o seu, o grave é que esses instrumentos – que deviam ser um apenas – não conversam. Não há correlação biunívoca entre os entes estaduais e federais em torno da questão. Por isso não funcionam. E dificilmente obterão sucesso. A história de insucessos, por extensa, autoriza o pé atrás. O passo dado por Suframa e PMM, embora da maior relevância, será, contudo, de total inutilidade caso o Estado, FIEAM, CIEAM, ACA e FAEA, munidos de toda a estrutura e poder político disponíveis, não venham juntar-se ao processo e somar forças. Urge sair do marasmo e mergulhar decisivamente na formulação de novo modelo ajustado ao padrão da economia mundial estruturada em bases de alta tecnologia, do qual somos mero espectadores.
O mais importante, salutar e construtivo neste momento crucial é concentrar energias na elaboração da nova matriz econômica. Para tanto, inevitável se torna sair do círculo de giz, sentir o mundo exterior, absorver o ritmo dos movimentos e constatar que seus pressupostos são impulsionados por inovações da economia criativa. Alguns passos importantes: tomar parte nas negociações alusivas à proposta em tramitação na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados, com parecer favorável do deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), cuja medida autoriza deduzir despesas em pesquisa tecnológica e inovação contratadas com universidade ou instituição de pesquisa estrangeira. Integrar-se ao Innovation Learning Lab, uma iniciativa da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) constituído por representantes de grandes empresas mundiais. Incentivar empresas e startups locais a integrar-se à terceira rodada do Programa de Promoção da Economia Criativa, resultado da colaboração com o Centro Sul-Coreano de Economia Criativa e Inovação (CCEI), e apoio do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC). Soluções existem, o mundo está cheio delas. Basta ter competência para alcançá-las.