Em aditamento à lúcida proposta do combativo presidente do CIEAM, Wilson Périco, de “criação de uma instância de gestão/articulação da ação federal no Estado, e na própria região, para racionalizar, integrar e tornar mais eficiente a aplicação dos recursos públicos”, penso que, antes de mais nada, precisamos desenhar novo projeto Zona Franca de Manaus ajustado às circunstâncias econômicas vigentes no Brasil e no mundo.
No governo, no meio político e empresarial muito se fala, muito se comenta, muito se critica. Em bastidores. Poucos, contudo, têm coragem e competência de vir a público defender propostas concretas de solução para a brutal crise que vive o assim chamado modelo Zona Franca de Manaus.
Importante que se admita o fim dos tempos dos tediosos e inócuos memoriais tão do agrado de tantos líderes empresariais e autoridades governamentais num tempo não tão distante. O Amazonas e a ZFM precisam de um projeto que expresse nossas próprias expectativas de crescimento econômico e social.
Um projeto que diga clara e objetivamente o que pensamos, como pensamos, quais os caminhos viáveis a seguir. Tais respostas, estamos cansados de saber, não serão dadas por burocratas de Brasília, mas por nós próprios.
Isso tem de ser entendido em todas as dimensões, fora de conchavos político-ideológicos, com os pés no chão. Precisamos nos comunicar e dizer ao governo federal o que o Amazonas, por meio de suas lideranças representativas, pensa e pretende para o hoje e o amanhã.
E por essas ideias brigar o bom combate, até à vitória final.
O Amazonas, enfim, precisa dar salto de qualidade. Fugir da mesmice, da dependência de valores de fora, que aqui vêm, dizem meia dúzia de obviedades e retornam às suas bases com suas contas bancárias mais recheadas. E nenhum comprometimento futuro para com o Amazonas e a ZFM.
Com efeito, livre de amarras externas, estamos obrigados a propor, por nosso próprio intermédio, nova política desenvolvimentista a partir do resgate dos fundamentos do modelo ZFM de acordo com os novos padrões tecnológicos da indústria mundial, e de uma política agropecuária competente, como assim dispõe o Decreto-Lei 288/67.
Isso não é difícil. Temos importantes inteligências latentes na UFAM, na UEA, INPA, EMBRAPA, FUCAPI, no CBA, entidades que precisam e devem obrigatoriamente se incorporar à lide. Nesse sentido, como ninguém desconhece, há bastante estudos prontos, aqui e fora, para um processo de conciliação de propostas e operacionalização de medidas.
Iniciativa até hoje não posta em prática.
Falta-nos, por fim, o básico, o fundamental: decisão política de governo. Apenas isso.
Mas, quanta a esse detalhe, vital sob todos os aspectos, registre-se, nossas representações de classe, FIEAM, CIEAM, FAEA e ACA à frente, podem, com habilidade, desenvolver entendimentos consistentes e proativos nesse sentido.
A hora é agora.
Manaus, 24 de junho de 2016.