Quando cheguei à Prefeitura os garis eram transportados em paus-de-arara. Passaram a ser em onibus. Agora, voltou ao que era. Com a palavra o Ministério Público do Trabalho e a Superintendencia Regional do Trabalho, diante da denúncia grave feita hoje pelo jornal A CRÍTICA de ontem, dia 13, domingo.
Transportados em paus-de-arara
Elaíze Farias
Da equipe de A CRÍTICA
“Não tem ali nada que seja adequado ao trabalhador. Quem autoriza uma situação dessas quer mesmo é que o trabalhador se lasque”, disse Chagas. Cenas do transporte dos garis nos chamados “baús” foram flagradas e fotografadas por uma pessoa que vem testemunhando a situação há pelo menos duas semanas. As fotografias foram tiradas no início desta semana, antes de os garis entrarem nos baús e seguirem para a área central da cidade.
O autor da denúncia disse à reportagem de A CRÍTICA que os garis entram “em um bauzinho 719 da Mercedes” por volta de 7h30, em equipes, e são acomodados no veículo até chegarem ao Centro. Segundo ele, antes do uso do baú, os garis eram transportados em micro-ônibus com instalações adequadas. “Depois, fizeram uns bancos de madeira na carpintaria da Semulsp para os garis poderem ficar sentados. Com certeza, deve ser muito desconfortável. Ficou parecendo um pau-de-arara. Nunca mais tinha visto uma coisa dessas”, disse. Para ele, os garis acabam aceitando a situação por medo de perder o emprego.
Na última sexta-feira de manhã, 11, a reportagem esteve na área do Centro, nas proximidades da praça Dom Pedro II e várias pessoas que trabalham no lugar, como vendedores ambulantes e lancheiros, confirmaram que observam, toda manhã bem cedo, garis descendo dos baús da marca Mercedes.
O subsecretário municipal de Limpeza Pública, Chico Mendes, negou que os garis estejam sendo transportados em baús diariamente. Mendes disse que os trabalhadores recebem vale-transporte para ir direto de suas casas até o setor onde vão trabalhar. “Os baús são para levar equipamentos. Se os garis entram no carro, com certeza é porque estão pegando carona”, justificou Mendes. Segundo o subsecretário, essa “carona” deve ocorrer de um setor para outro, onde houver emergência no Centro da cidade.
Já o autor da denúncia afirma que os garis saem direto da sede da Semulsp, no bairro Compensa, na Zona-Oeste. “Se fosse apenas carona, por que eles colocariam bancos de madeira dentro do baú para os trabalhadores sentarem? Construíram esses bancos apenas para dar carona?”, questionou.