O deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) reagiu nesta quinta-feira, 8, ao comunicado emitido pelo Ministério da Defesa e pelos comandantes das Forças Armadas repudiando as declarações do presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado, o senador Omar Aziz (PSD).
“Foi uma nota muito virulenta, desproporcional à fala do senador Omar. Quero dizer que isso não condiz com a nossa tradição democrática. Lutamos tanto para voltar à democracia e isso é um momento difícil para a democracia, porque no mesmo dia que isso acontece, o presidente da República ataca e ridiculariza ministros do STF”, disse Serafim durante discurso na sessão plenária desta quinta-feira, 8, na ALE-AM (Assembleia Legislativa do Amazonas).
Durante o depoimento de Roberto Ferreira Dias, que acabou detido sob a suspeita de ter mentido, Omar Aziz afirmou que “membros do lado podre das Forças Armadas” estão envolvidos com fraudes. “Fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo. Eu não tenho nem notícias disso na época da exceção. O Figueiredo morreu pobre, o Geisel morreu pobre. Agora a Força Aérea Brasileira, o coronel Guerra, coronel Pazuello… Membros militares das Forças Armadas”, disse Aziz.
Em nota assinada pelo ministro da Defesa, general Braga Netto, pelo comandante do Exército, general Paulo Sérgio, da Marinha, Almir Santos, e pelo da Força Aérea, Carlos Baptista Júnior, os militares afirmam que o congressista fez declarações “desrespeitando” os militares e “generalizando esquemas de corrupção“, além de o chamar de “irresponsável” e “leviano”.
Serafim, em seu discurso, reforçou ter profundo respeito pelas Forças Armadas e pelo trabalho desenvolvido na defesa da Amazônia, mas lembrou que desde o início do Governo Bolsonaro há um avanço de ocupação de cargos na área civil por militares.
“Isso é ruim para os próprios militares, porque é inevitável que o militar indo trabalhar na esfera civil termine, um ou outro, cometendo alguma falha, um equívoco, e isso tem repercussão. No Ministério da Saúde dividiram ao meio, metade do Ministério está entregue a políticos do Centrão, a pessoas indicadas por políticos do Centrão, principalmente pelo seu líder da Câmara dos Deputados, Ricardo Barros. De outro lado existem militares que foram levados pelo outrora ministro Eduardo Pazuello”, avaliou Serafim.
Nesse cenário, de acordo com o líder do PSB na ALE-AM, formaram-se dois grupos na disputa pelo poder dentro do Ministério da Saúde.
“E é claro que hoje no clima que vivemos, com 530 mil mortos pela Covid-19 no Brasil, um grupo acuse o outro de malfeitos e numa briga como essa nem todos vão sair ilesos, alguns vão sair machucados. Nesse contexto é inevitável que a CPI da Pandemia descubra malfeitos de uns e outros. Foi nesse sentido que o presidente da Comissão, senador Omar Aziz, externou a sua posição de que existiam desvios relacionados aos militares, mas isso nem de longe pode ser confundido com ofensa aos militares”, concluiu Serafim.