Não só a Caixa Econômica, mas muitas empresas estatais são vítimas de indicações políticas, no mau sentido, quando não deveriam ser. Absurda mais uma chantagem de uma base fisiológica.
Esse é o tipo de política que creio o Brasil quer deixar pra trás.
Serafim Corrêa
Transcrito do G1
Líder do PP explicita rebelião na base após restrição a indicações políticas na Caixa
O líder do PP, deputado Arthur Lira (AL), reagiu à aprovação do novo estatuto da Caixa Econômica Federal, que limita as indicações políticas para a diretoria do banco.
Em conversa com o Blog, Lira atacou o movimento da equipe econômica e disse que, na avaliação dele, a medida vai inviabilizar a aprovação da reforma da Previdência. “Quem quer aprovar a reforma da Previdência não faz uma coisa dessas”, observou.
Para Lira, o novo estatuto “mostra a vontade do Ministério da Fazenda e do Banco Central para tomar o comando da Caixa. Eles querem é demonizar a política. Qual o país do mundo vive sem política?”, questionou o deputado.
“E esse Conselho de Administração é indicado por quem? É indicado pelo Ministério da Fazenda, pela equipe econômica”, reagiu.
“Querem fazer da Caixa uma nova Petrobras. O problema é que a Caixa não se defende. E para tirar alguém, a imagem será denegrida. Isso não vou aceitar”, reagiu o deputado, que ressalvou não ter “compromisso com o malfeito”. “Quem errou é que pague”, disse.
Ele também criticou o argumento de que é preciso uma gestão técnica no banco. “Não venha de novo com essa de escolha técnica”.
Em seguida, ironizou a situação política do presidente Michel Temer, que segundo ele, saiu enfraquecido desse episódio.
“Quem tem que estar aperreado é o presidente Temer, que está sendo esvaziado, pois tiraram atribuição que era dele. […] Daqui a pouco Temer não indica mais ninguém.”
As declarações de Lira explicitam uma rebelião na base aliada com a definição de uma mudança ampla na composição da Caixa.
Para Lira, a estratégia da equipe econômica é atingir a imagem do banco estatal e com isso fazer a mudança completa na instituição.
Lira atacou diretamente o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. “E o Meirelles? Está na Fazenda porque fez concurso? Ele foi uma indicação política. A única coisa que ele fez foi disputar um mandato de deputado federal por Goiás, comprando voto numa cidade do Tocantins”, disparou o líder do PP.
O blog buscava contato com o ministro até a última atualização deste texto.
Líder de uma das maiores bancadas da base do governo, com 46 deputados em exercício, Lira também demonstrou contrariedade com o movimento mais amplo de mudar o comando da Caixa, inclusive o presidente do banco, Gilberto Occhi, indicado pelo PP.
“O que têm contra o Occhi para tirar o Occhi do comando da Caixa?”, reagiu. “Há movimentação de subterrâneo para depois colocar quem eles quiserem.”