Fonte: Revista Oncologia & Oncologistas – Ano 2 – Edição 07 – Jul/Set 2018
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Quando chegaram ao FCECON e se depararam com aquela demanda imensa de pacientes de altíssima complexidade e os mais variados tipos de tumores, apenas um aparelho de cobalto na radioterapia, sem ressonância magnética na unidade, uma fla interminável para biópsias na patologia e a não realização de imunohistoquímica na cidade, elas compreenderam por que a maioria dos colegas de especialidade opta por atuar em centros mais estruturados. “É normal questionar ‘me preparei tanto para não conseguir fazer nada?’ e decidir não vir para cá”, entende a Dra. Poliana.
Mas ela e seus colegas que formam agora a nova geração de oncologistas da FCECON decidiram ser pontos fora da curva. O sentimento dos recém-empossados no concurso público foi “isso aqui é a minha casa; tenho que organizar”. Eles começaram a trocar ideias de melhorias e, juntos, estimulando um ao outro, sentenciaram: “Vamos deixar o serviço com a nossa cara; tentar fazê-lo crescer de acordo com o que aprendemos.”
A oncologia da FCECON não era organizada como um serviço. Com as mudanças promovidas por eles, agora as pessoas sabem onde encontrar o oncologista; a equipe está engajada e contente com os novos processos. “Nosso fluxo melhorou absurdamente”, comemora a ex-residente do INCA. As novidades também estão sendo vistas com bons olhos pela direção do hospital. Outras notícias positivas foram chegando, de acordo com a Dra. Gilmara Resende, ex-residente do Hospital de Câncer de Barretos. Mais dois oncologistas concursados e também médicos de outras especialidades puderam assumir suas vagas. “Torná-lo um grande centro não é impossível; se conseguirmos melhorias, aí sim começaremos a atrair residentes e mais oncologistas”, acredita Poliana. “O sonho é grande, mas vai para a frente.”
Criar um centro de Pesquisa Clínica em Oncologia, que seria o primeiro da região norte do país, é também uma meta “para atender essa população tão carente de recursos em saúde e de atenção do poder público”, nas palavras da Dra. Gilmara. Ela, inclusive, foi uma das selecionadas pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) para o Programa de Capacitação em Pesquisa Clínica, realizado em agosto na cidade de Ijuí (RS). “Na pesquisa clínica, oferecemos tratamentos de ponta com possibilidade de uso de drogas inovadoras, reduzindo custos ao sistema de saúde”, destaca Gilmara. “Também estimula a modernização de todo uma estrutura envolvida na tentativa de equiparação a padrões de assistência e atendimento internacionais, além de proporcionar melhor conhecimento técnico-científco para a equipe multidisciplinar envolvida.” Apesar da rotina extenuante, as doutoras são superotimistas. “Somos novas ainda e temos energia para tentar fazer algo bom pelo nosso povo; é uma experiência que não teríamos em um lugar onde tudo estivesse pronto”, avalia Poliana. “Se a gente, que é daqui, não buscar as melhorias, não teremos”, constata Gilmara. “No meio do caminho, você encontra os seus parceiros que lhe ajudam, seguimos a mesma linha de raciocínio oncológico e isso dá um gás na nossa motivação”, continua. “O país precisa melhorar muito; temos inúmeros obstáculos a vencer, mas eu pessoalmente me sinto realizada de fazer o que eu gosto.”