UM AMAZONENSE NO COMANDO DA PETROBRÁS

Por Ribamar Bessa:

Revelo em primeiríssima mão que, se minha fonte for segura, a Petrobrás terá novo presidente até quarta-feira de cinzas. O empresário amazonense Rubens Lima Pereira, que foi dono da Indústria de Gêneros Alimentícios Rolamar, assumirá o comando da maior empresa do Brasil, substituindo Ademir Bendine que cai, sem completar um mês no cargo, diante das denúncias de que, em 2013, como presidente do Banco do Brasil (BB), favoreceu empréstimo irregular à Val Marchiori, apresentadora de TV, a quem a mídia chama de socialaite, seja lá o que isso signifique.
Quem “nomeou” Bendine na semana passada foi a jornalista Cristiana Lobo, ao vivo, na Globo News, num furo que deu em todos os colegas cinco horas antes do anúncio oficial, quando nem a presidente Dilma sabia ainda quem designaria para o cargo. Quem o está demitindo agora é o Taquiprati, no Diário do Amazonas, que dá o furo, antecipando em vários dias o nome do novo presidente, cuja indicação se deve ao peso político de dois senadores e ex-governadores do Amazonas. Rubens seria da cota de Omar Aziz (PSD vixe vixe) e do ministro de Minas e Energia Eduardo Braga (PMDB vixe vixe) que o teriam bancado.
A queda de Bendine, se de fato ocorrer, pode ser consequência do inquérito da Polícia Federal e de investigações já abertas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a pedido do procurador Júlio Marcelo de Oliveira, sobre o empréstimo subsidiado de R$ 3 milhões a Valdirene Aparecida Marchiori – a Val – conhecida também como “orquídea selvagem”. A operação, que contrariou normas internas do BB, beneficiou Val e seu irmão Marcos, sócios da Valmar Transportes, empresa com 200 carretas frigoríficas.
Perfil de Rubens
O quase-futuro presidente da Petrobrás, Rubens Lima Pereira, 67 anos, é um self-made man. De origem humilde, nasceu no Beco da Bosta, bairro de Aparecida, em Manaus e, bastante empreendedor, trabalhou desde pequeno vendendo broas de cheiro afrodisíaco feitas artesanalmente por sua mãe Marina, com receita secreta que leva goma de macaxeira, leite, ovo, açúcar e canela. A procura crescente pelo produto de qualidade permitiu a criação, em 1960, da Rolamar Indústria de Gêneros Alimentícios, que invadiu todas as bancas de tacacá e chegou a ter mais de 200 tabuleiros de broa espalhados pelas ruas de Manaus.
Foi nesta época que a Rolamar passou a ser um dos principais fornecedores do Palácio Rio Negro, quando o então governador Gilberto Mestrinho, morador do bairro, foi proibido por seu dentista particular de comer pão, responsável pelo estrago consecutivo de cinco dentaduras na boca governamental. Mestrinho se tornou dependente psicológico e químico da broa que derretia na boca sem oferecer resistência. Segundo a UDN, as broas foram superfaturadas durante quatro anos, mas se for verdade o crime já prescreveu, como aliás, também a UDN, embora tentem ressuscitá-la. De qualquer forma, não há provas contra Rubens.
Por isso, Rubens Lima Pereira, conhecido entre os amigos como Rubem Rola, não teme ser o Bendine da vez e não faz qualquer segredo da sua possível nomeação para o cargo, confiando na sua experiência. Ele conhece a plataforma da Petrobrás de Urucu e acompanhou a construção do gasoduto Coari-Manaus. Nos últimos dias, como se fosse numa entrevista coletiva, tem percorrido ruas e becos de Aparecida confirmando o convite aos quatro ventos, com ar misterioso:
A Dilma me telefonou lá de Brasília e não foi para felicitar pelo aniversário do bairro de Aparecida.
O bairro completou 130 anos na semana passada, com uma festa do arromba na Praça da Bandeira Branca, que teve até desfile da Escola de Samba Mocidade Independente. Lá, Rubem Rola foi aclamado como o novo presidente da Petrobrás. Alguns incrédulos duvidam, mas meu irmão Tuta, que o trata com carinho, perguntou quais as primeiras medidas que ele tomaria. Viciado em todos os telejornais e em todos os programas de TV, menos o Manhattan Connection, que acha uma merda, Rubens desconversou:
Tuta, o petróleo é nosso, Tuta! Deus colocou o Pré-Sal no Brasil, com mais de 100 bilhões de barris de petróleo. Mas querem tirar da gente. Fica de olho no Obama, Tuta.
Contra a corrupção
A indicação do seu nome pode levantar as ações da Petrobrás na Bolsa de Valores. Na sua fala informal, Rubens demonstra que se for mesmo nomeado, a Petrobrás terá um presidente com intimidade no mercado de capitais e com consciência do contexto internacional que nem Graça Foster tinha:
Tuta, a guerra do Iraque foi por causa do petróleo. Lá tem escondidos 220 bilhões de barris. Quem falou foi a Cristiana G-Lobo. Por isso, os americanos querem ferrar o Iraque e o Brasil.
O novo presidente pede à minha cunhada Regininha que faça uma fotografia dele. Sem camisa, só de bermuda, faz pose em frente à casa e continua seu discurso:
Os americanos querem ficar com a Petrobrás, Tuta. Quando eu for presidente, chamo o Babá pra me assessorar, mas ele precisa perder o medo de denunciar a corrupção do PT e do Zé Dirceu. Tá tudo podre! Não tem petróleo, não tem água, a Dilma e o Alckmin enganaram todo mundo. Fecharam as torneiras em São Paulo e os poços de petróleo do Brasil. No sábado de Aleluia vamos malhar os judas corruptos, os empreiteiros e os políticos sujos. Olha o Petrolão aí, geeeente!
Indagado porque andou um tempo sumido, Rubem Rola confessa que tinha medo de sair de casa “porque a Neide do Milton quer me pegar só porque eu disse que ela era fofoqueira”. Anunciou que vai denunciá-la para o Joaquim Barbosa: “O Negão vai condenar ela, Tuta”. Nesse momento, Leonor, a vizinha, abriu a porta e ele gritou:
Mãezinha, fecha a porta, cuidado com os malandros que querem roubar a Petrobrás, as empreiteiras são uma quadrilha de corruptos e bandidos.
Há dez anos, o Diário do Amazonas publicou a crônica Meu Amigo Rubem Rôla no dia do aniversário dele. Lá está escrito que Rubem toma remédio controlado, administrando sua maluquez misturada com sua lucidez, e que vive fingindo que é doido pra poder dizer algumas verdades que ninguém quer ouvir. Sua fingida doidice é um habeas-corpus preventivo. Acho que se o convite da Dilma se confirmar, a Estatal vai entrar nos eixos. Só mesmo alguém como o Rubem Rola consegue colocar ordem na casa e salvar a Petrobrás.
P.S. Da mesma forma que a Rede Globo aumentou o salário de Cristiana Lobo pela importância do seu furo, o vice-presidente da Rede Diário, Cyro Batará Anunciação, prometeu que aumentará meu prolabore se o furo do Taquiprati se confirmar. Estou esperançoso. Tudo vai acabar na quarta-feira.
Ver rubirola http://www.taquiprati.com.br/cronica.php?ident=212