Antes do surto generalizado do coronavírus no primeiro trimestre de 2020, de acordo com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) o crescimento do produto interno bruto (PIB) real na área do G20, segundo estimativas provisórias, que já havia começado lenta, caiu para 0,6% no quarto trimestre de 2019, comparado com 0,8% no trimestre anterior. Diante de cenário de tantas incertezas, quedas das economias não poupam nenhuma nação.
Segundo a OCDE o crescimento do PIB no Reino Unido tende a zero, ante 0,5% no período anterior. No conjunto da União Europeia, o PIB vem oscilando de 0,1%, a partir de 0,4%, Canadá (a 0,1%, a partir de 0,3%), Alemanha (a zero, a partir de 0,2%), e, marginalmente, a 0,5%, a partir de 0,6 %, na Austrália e no Brasil. Embora alguns países venham sustentando margens positivas de crescimento, incertezas econômicas causadas pela Covid-19 deverão custar, na melhor das hipóteses, US$ 2,0 trilhões (cerca de R$ 10,0 trilhões) à economia global em 2020, ao que prevê a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).
Uma das grandes diferenças desta crise em relação a 1929, 1970 e 2008, segundo estudos da Unctad, é que “o impacto é sequencial: como se fosse um tsunami”. Primeiro o vírus golpeou a China, depois chegou ao Irã e à Coreia do Sul, e agora abala a Itália e o resto da Europa ocidental, já oficialmente transformada no epicentro da epidemia. Como a crise não tem sincronização, estima-se que, prolongando sua duração, “cria problemas adicionais sobre o comércio e indica que precisamos de coordenação internacional: não há forma de agir isoladamente.” Afortunadamente, embora, até o momento, a virulência do Covid-19 haja se contido no seio das sete grandes potências econômicas mundiais, todas, saliente-se, localizadas no hemisfério Norte, nada garante, até o momento, que não possa se espalhar de uma forma ou de outra por todo o Planeta.
A despeito do esforço do Ministério da Economia e Banco Central do Brasil, as consequências sobre a conjuntura econômica nacional, como no resto do mundo, são imprevisíveis. Diferentemente da crise de 2008, disseminada no mercado financeiro por restrições de crédito, e escorada em altos índices de alavancagem de empresas e de famílias, a crise atual está afetando mais diretamente a rotina das pessoas. Ocasionando, com efeito, impactos de proporções ominosas, que, avolumados sobre a atividade econômica, precisam ser dimensionados com precisão quase que absoluta no curtíssimo prazo.
Em maio de 2018 a greve dos caminhoneiros parou o Brasil por cerca de dez dias. Seu custo, ideologias à parte, foi superior a R$ 12 bilhões em subsídios para o diesel, que, no Brasil do século XXI ainda são concedidos ao combustível. Segundo estudos do Ministério da Economia o prejuízo foi de 1,2% no PIB, ou R$ 60 bilhões em riqueza deixada de produzir, perda equivalente a tudo que o país cresceu em 2019. Em relação à crise do novo Coronavírus, a Secretária de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia estima um impacto de até 0,56% de queda no PIB, no pior cenário.
A Zona Franca de Manaus não terá como fugir à recessão que nos espreita, e que deverá atingir frontal e contundentemente a economia amazonense. Sobretudo no que diz respeito ao faturamento do PIM, que, a despeito de haver alcançado, em 2019, US$ 26.42 bilhões, 3,61% a mais do que em 2018 (US$ 25.50 bilhões), pouco provável repetir tal desempenho em 2020, salvo por meio de investimentos de curto e médio prazo em P&D vis-a-vis a mais rápida possível incorporação da bioeconomia, por meio da exploração dos recursos da biodiversidade, da produção de alimentos, da mineração, do manejo florestal sustentável, e do ecoturismo, à matriz econômica estadual. Como hipótese maior, evoluir, do PIM para o Polo Industrial do Amazonas, mais abrangente, socialmente justo, economicamente sólido e ambientalmente sustentável.
Manaus, 23 de março de 2020.