Estás perdiendo el tiempo. Pensando, pensando.
Paulo José Cunha
Nunca antes na história deste país o brasileiro está indo às urnas mais desinformado sobre o que os dois candidatos à presidência da república pensam em relação aos principais temas de interesse nacional. Engalfinhados na troca de acusações mútuas, guerra santa, bolinhas de papel e sacos d’água um no outro, dão a impressão de que o eleitor apenas atrapalha a pontaria. Para eles, eleição ideal não teria eleitor, só eles dois e sua guerrinha particular.
Não se trata de exagero: ninguém sabe nada a respeito, por exemplo, da posição que Dilma e Serra têm sobre a relação do Brasil com a China, neste preciso momento o principal parceiro comercial do Brasil. Vão avançar nessa parceria? Vão exigir que suspendam a política de subsídios e assim ponham sua moeda na posição real e não artificialmente subvalorizada, abalando o equilíbrio econômico planetário, com o dólar ladeira abaixo e os exportadores brasileiros cada vez com a língua mais pra fora?
O povo brasileiro não sabe qual a posição de Dilma e Serra em relação ao Irã e ao programa nuclear de Mahmud Armadinejad, que tira o sono do mundo e até agora prossegue, lépido e fagueiro, rumo à bomba ou não, sob as bênçãos de Lula e do Itamarati.
Ninguém sabe o que pensam Lula e Serra sobre nossas relações com a Cuba de Raul e Fidel, nem com a Venezuela do palhação Hugo Chavez.
Até agora estamos esperando que os dois candidatos tomem posição sobre o novo Código Florestal, em relação ao qual Marina já se manifestou frontalmente contrária. Ninguém se arrisca a tomar posição porque pode ferir os interesses de ambientalistas ou ruralistas. E o tempo passa. E a Lusitana roda. E todo mundo moita.
Até agora não se sabe pra que lado vai se fixar a matriz energética brasileira. Ambos os candidatos trombeteiam a necessidade de a alterarmos na direção de formas mais limpas de produção. Mas os dois dizem isso enquanto mutuamente se acusam de, um querer privatizar, a outra já ter privatizado, o pré-sal. Não apareceu ninguém pra lembrar aos dois que o pré-sal pode ser, e é, uma das maiores riquezas do planeta. Mas se assenta num combustível fóssil, uma das mais poluentes formas de produção de energia do mundo. E agora?
Os dois candidatos vão à igreja, rezam, ganham declarações de voto de padres e pastores. E toda hora falam em Deus, como se Ele fosse um compadre velho… E a missa segue. E a novena rola. E debulham-se terços e desfiam-se rosários. Per omnia saecula saeculorum. Será que algum deles merece mesmo o céu?
E a Justiça Eleitoral a tudo assiste, impávida, preocupada com o tamanho dos cavaletes com as sorridentes fotos dos candidatos, e muito ciosa da necessidade de tomar a lição do Tiririca. Nem pra puxar a orelha dos dois.
Y así pasan los dias. Y tu me contestando: quizas, quizas, quizas. Pra finalizar, já que estamos em ritmo de bolero, na lembrança da voz da maravilhosa Dalva de Oliveira (foi o que nos restou), cantemos, saudosos: “Assim se passaram dez anos, sem eu ver teu rosto…”
Ô, vida.
MUIIIIIIIIIIITO BOMMMMMMMMMMMMM PAULO CUNHA, parabéns!
Maravilhoso artigo PAULO CUNHA, parabéns!