Operadoras de telefonia querem parceria com fabricantes no Brasil para embutir o chip 3G nos aparelhos – Possibilidade de chip não ser removível poderia implicar “venda casada”, o que é proibido por lei
Marlene Bergamo/Folhapress
Tablet em exposição em loja da Fnac, em São Paulo; operadoras querem oferecer possibilidade de conexão imediata
Da FOLHA DE SÃO PAULO, por CAMILA FUSCO
Operadoras de telefonia móvel querem pegar carona na fabricação de tablets no Brasil para embarcarem seus chips de internet 3G.
Logo após o licenciamento das oito empresas que receberão o incentivo fiscal de 31% para produzir localmente, as companhias de telefonia móvel já começam a se articular para tentar acordos com fabricantes.
“Algumas operadoras já procuraram o governo para saber quais são as empresas licenciadas e tentar embarcar seus chips”, disse à Folha o ministro Paulo Bernardo, das Comunicações.
A busca das operadoras é por fabricantes dispostos a embutir seus chips antes mesmo de o tablet sair da linha de produção.
Segundo a Folha apurou, TIM e Vivo são as mais interessadas no acordo.
Isso permitirá, por exemplo, que os compradores tenham acesso à internet 3G direto de “fábrica”, após ativar o plano da operadora.
No entanto, a forma como a parceria pode ser viabilizada ainda está em discussão.
Questiona-se a possibilidade de a gaveta destinada ao chip ser removível ou não, de forma a evitar a “venda casada” de tablet e plano de dados, o que é proibido por lei.
“Muitas movimentações já estão acontecendo. Existe a possibilidade real de os aparelhos já saírem [de fábrica] com banda larga móvel”, afirmou o ministro.
No Brasil, há iniciativa semelhante entre Vivo e Positivo para netbooks, em que a operadora embarca o modem no aparelho e fornece um chip -que pode ser removido. Só o modem é fixo.
Se os acordos avançarem, o Brasil poderá ter um acerto semelhante ao da Apple com a Verizon, uma das operadoras de internet para o iPad nos EUA. Guardadas as diferenças tecnológicas, o modelo de fabricação é semelhante, com o chip embarcado já dentro do iPad 2.
No Brasil, para o tablet da Apple ter chip embutido, seria necessária uma decisão da Apple, e não da Foxconn, que monta o aparelho.
Procurada, a TIM afirmou em nota que “tem interesse em todos os tipos de parceria que possam agregar valor e entregar mais facilidade para seus consumidores”.
A Vivo negou movimentações sobre embarcar chips em tablets. Oi e Claro não comentaram o assunto.