Sinal amarelo: PIB cresce em 2008 mas desaba no último trimestre

O professor e economista Ricardo Bergamini distribuiu pela Internet interessante texto sobre os últimos dados do PIB brasileiro. Os números do terceiro trimestre de 2008 preocupam.

Diz ele:

“Em 2008, PIB cresceu 5,1% e chegou a R$ 2,9 trilhões

Em relação ao terceiro trimestre de 2008, o PIB caiu 3,6%, o maior recuo da série iniciada em 1996. Já o PIB per capita cresceu 4,0% em relação a 2007 e atingiu R$ 15.240,00. A taxa de investimento de 2008 chegou a 19,0% e foi a mais alta da série iniciada em 2000.

Em relação ao terceiro trimestre de 2008, PIB caiu 3,6%

O PIB a preços de mercado, em volume, teve sua maior queda desde o início da série, em 1996: – 3,6% na comparação do quarto trimestre contra o terceiro trimestre de 2008, na série com ajuste sazonal. Entre os setores, a Indústria registrou a maior queda (-7,4%), seguida pela Agropecuária (-0,5%) e pelos Serviços (-0,4%). Para a Indústria, esse foi o maior recuo desde o quarto trimestre de 1996 (-7,9%).

Entre os componentes da demanda interna, a Formação Bruta de Capital Fixo teve a maior queda (-9,8%, o maior recuo da série), seguida pela Despesa de Consumo das Famílias (-2,0%), sendo que essa taxa não é negativa desde o segundo trimestre de 2003 (-1,2%). Já a Despesa de Consumo da Administração Pública variou 0,5%. Pelo lado do setor externo, as Exportações de Bens e Serviços caíram 2,9% e as Importações de Bens e Serviços decresceram 8,2%. A primeira vez que houve queda nessa taxa desde o terceiro trimestre de 2005 (-0,5%).

PIB cresceu 1,3% em relação ao quarto trimestre de 2007

O PIB a preços de mercado variou 1,3% no quarto trimestre de 2008, em relação a igual período de 2007. O Valor Adicionado a preços básicos aumentou 1,0% e os Impostos sobre Produtos uma elevação de 2,6%.

Dentre os setores que contribuem para a geração do Valor Adicionado, destacam-se os Serviços com uma taxa de crescimento de 2,5%, em seguida a Agropecuária com acréscimo de 2,2% e a Indústria com queda de 2,1% na comparação com o quarto trimestre de 2007.

Dentre os componentes da demanda interna, o maior destaque foi o crescimento de 5,5% da Despesa de Consumo da Administração Púbica. A Formação Bruta de Capital Fixo variou 3,8% em razão da continuidade do aumento da importação de máquinas e equipamentos, apesar da desaceleração na sua taxa de crescimento.

Em 2008, PIB acumulou crescimento de 5,1%

O PIB a preços de mercado acumulado no ano de 2008 cresceu 5,1% em relação a 2007. Em 2008, a população residente do país atingiu aproximadamente, 189,6 milhões de habitantes1. O PIB per capita (R$ 15.240) é definido como a divisão do valor corrente do PIB pela população residente no meio do ano. Em 2008, o crescimento em volume do PIB per capita atingiu 4,0%.

Agropecuária foi a atividade com maior crescimento em 2008

O resultado do Valor Adicionado acumulado nos quatro trimestres de 2008 decorreu do desempenho dos três setores que o compõem: Agropecuária (5,8%), Serviços (4,8%) e Indústria (4,3%). A taxa de crescimento da Agropecuária no ano de 2008 foi da ordem de 5,8%, com destaque para o desempenho da lavoura. Os destaques positivos na produção agrícola do ano foram: trigo (47,5%), café em grão (25,0%), cana (19,2%), milho em grão (13,3%), arroz (9,7%), feijão (5,0%) e soja (3,4%). Já os negativos, destacam-se: fumo (-6,9%), algodão herbáceo (-2,4) e mandioca (-1,3%).

Dentre os subsetores da Indústria, a maior alta foi na Construção Civil (8,0%). Em seguida, veio a eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (4,5%). A Extrativa Mineral subiu 4,3%, em decorrência, principalmente, do crescimento anual de 5,2% na produção de petróleo e gás e de 1,9% na produção de minério de ferro. A Indústria da Transformação apresentou elevação de 3,2%.

As maiores altas nos Serviços foram nos subsetores de Intermediação Financeira e Seguros (9,1%), Serviços de Informação (8,9%) e Comércio (6,1%). Também cresceram os subsetores Outros Serviços (4,5%); Transporte, Armazenagem e Correio (3,2%), Serviços Imobiliários e Aluguel (3,0%), e Administração, Saúde e Educação Pública (2,3%). Na análise da demanda, a Despesa de Consumo das Famílias variou 5,4%, no seu quinto ano consecutivo de alta. A Despesa do Consumo da Administração Pública aumentou 5,6%. A Formação Bruta de Capital Fixo cresceu 13,8% quando comparada ao ano de 2007, a maior taxa de crescimento anual desde o início da série em 1996. O valor corrente e as variações em volume da Formação Bruta de Capital Fixo e seus componentes.

No setor externo, as Exportações de Bens e Serviços tiveram queda de 0,6% e as Importações de Bens e Serviços elevação de 18,5%. Ressalta-se que desde 2006 o crescimento das exportações é inferior ao das importações.

Em 2008, PIB atingiu R$ 2,9 trilhões.

Em 2008, o Produto Interno Bruto em valores correntes alcançou R$ 2,9 trilhões, sendo R$ 2,4 trilhões referentes ao Valor Adicionado a preços básicos e R$ 0,5 trilhão aos Impostos sobre Produtos.

Considerando o Valor Adicionado das atividades econômicas, a Agropecuária registrou R$ 163,5 bilhões, a Indústria R$ 682,5 bilhões e os Serviços R$ 1.595,0 bilhões. Entre os componentes da demanda, a Despesa de Consumo das Famílias totalizou R$ 1.753,4 bilhões, a Despesa de Consumo da Administração Pública R$ 584,4 bilhões e a Formação Bruta de Capital Fixo R$ 548,8 bilhões. A Balança de Bens e Serviços ficou superavitária em R$ 4,8 bilhões e a Variação de Estoques foi negativa em R$ 1,7 bilhões. Os valores correntes de 2007 e de 2008, segundo as atividades e os componentes da demanda encontram-se na tabela a seguir.

Em 2008, a taxa de investimento chega a 19,0% a mais alta desde 2000

A taxa de investimento no ano de 2008 foi de 19,0% do PIB, a maior desde o início da série iniciada em 2000. Em volume, a Formação Bruta de Capital Fixo cresceu cerca de duas vezes e meia a mais do que o aumento do PIB (13,8% contra 5,1%, respectivamente).

Já a taxa de poupança alcançou 16,9% do PIB, inferior à taxa apresentada nos anos de 2007, 2006, 2005 e 2004, uma vez que a Despesa de Consumo Final aumentou, em valores correntes, 11,5%, enquanto a taxa de crescimento do PIB foi de 11,2%.

Em 2008, a necessidade de financiamento da economia nacional chegou a R$ 57,1 bilhões

No ano, a Necessidade de Financiamento alcançou R$ 57,1 bilhões contra R$ 5,5 bilhões em 2007, devido, principalmente, à redução de R$ 35,2 bilhões no Saldo Externo de Bens e Serviços e ao aumento de R$ 17,1 bilhões em Renda Líquida de Propriedade Enviada ao Resto do Mundo.

A Renda Nacional Bruta atingiu R$ 2.817,9 bilhões no ano de 2008 contra R$ 2.542,8 bilhões no respectivo período de 2007. Nessa mesma base de comparação a Poupança Bruta atingiu R$ 488,0 bilhões contra R$ 453,7 bilhões no mesmo período do ano anterior.”

Nota:a:

1Segundo estimativa da Coordenação de População e Indicadores Sociais (COPIS) do IBGE.

2 thoughts on “Sinal amarelo: PIB cresce em 2008 mas desaba no último trimestre

  1. Não acredito na tendência inflexiva, contudo o BC deve acelerar – como já o fez – ontem a redução na taxa básica de juros.

    Precisamos pensar em termos de taxa real, ou seja descontar a inflação de 5%, portanto ficam 6,25%.

    Não obstante o fato da redução do compulsório e a injeção de recursos (R$ 100 bi) do BNDES começarão a dar resultados no que tange à normalização do crédito.

    No mais, a inflação continua sendo a nossa “Camila Parker-Bowles”, precisamos agir como se fosse o Princípe Charles. Discretamente comê-la.

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