De O GLOBO on line:
Isabel Braga
GOIÂNIA – O candidato do PSDB a presidente, José Serra, criticou nesta segunda-feira o uso da família dele na campanha eleitoral. Durante o debate realizado pela TV Bandeirantes no domingo, a petista Dilma Rousseff disse que a esposa de Serra, Mônica Serra, estaria espalhando a versão de que Dilma é a favor da morte de crianças, em referência ao aborto. Serra ainda acusou o PT de criar factoides e não quis falar sobre a candidata do PV, Marina Silva, terceira colocada no primeiro turno e cujos votos são disputado por Serra Dilma.
– A postura ofensiva é uma estratégia dela (Dilma) e para mim foi até uma surpresa que volte a atacar a família. Não é bom numa campanha eleitoral. Campanha eleitoral é para discutir propostas, é para comparar os candidatos, para eles apresentarem o que fizeram ou o que vão fazer. Esse é o lado melhor da campanha eleitoral, não é atacar reiteradamente a família de candidato – disse ele.
Questionado a respeito de seu assessor Paulo Vieira de Souza, citado por Dilma durante o debate da Bandeirantes e que teria fugido com R$ 4 milhões de dinheiro de campanha, Serra afirmou que isso era um factóide petista para ganhar espaço na mídia.
– Eu sou o candidato, você acha que eu não saberia se tivesse havido isso? Saiu uma matéria vagabunda, não sei do que se trata. Acha que eu ia parar de falar para ficar vendo essas coisinhas? – questionou.
Indagado sobre uma suposta declaração do tucano David Zylbersztajn sobre a privatização do pré-sal, Serra disse que, também nesse caso, havia uma tentativa do PT de trazer para a mídia um assunto inventado. Segundo o candidato, o PT “privatizou” para uso próprio algumas estatais brasileiras.
– Isso é factoide do PT. Liga para o Zilberstain. São coisas estapafúrdias, feitas para a imprensa perguntar e repercutir. A próxima a eleição, o PT usa o negócio da privatização. Eles são o partido mais privatizante do Brasil, porque eles privatizam tudo para usar, como é o caso dos Correios. Agora vem com essa coisa puramente eleitoral. Algumas coisas não dá nem para entender.
Ele disse, no entanto, ter gostado do debate da Bandeirantes.
– Eu gostei do debate, mas eu teria feito muito mais baseado em discussão de propostas, programas de governo, o que cada um fez, pensa. Não foi por esse caminho, mas a gente está aí para seguir o caminho estabelecido pelas circunstâncias – disse ele, que, entretanto, negou que Dilma tenha dado o tom do debate.
– Eu coloquei bastante coisa de conteúdo – afirmou.
– Eu acho que ela ontem (domingo) foi treinada para dar declarações para usar no horário eleitoral. Eu disse isso ao vivo lá (no debate). Uma estratégia que eles decidiram. Paciência, vamos seguir a dinâmica das coisas – disse, ao responder se o debate havia sido agressivo.
As declarações de Serra foram dadas em Goiânia, onde participou de uma caminhada. Devido ao tumulto, ele caminhou por um quarteirão antes de subir em um carro de som e percorrer a principal avenida da cidade, seguido por outros veículos. Um padre de batina também entrou no caminhão ao lado de Serra e defendeu a candidatura dele. Mais tarde, eles pararam e o tucano fez um comício improvisado, defendendo a eleição do candidato ao governo de Goiás, Marconi Perillo. Serra lembrou que, no debate realizado domingo, falou que foi Marconi quem criou o Bolsa Família e o sugeriu a Lula.
Depois de descer do caminhão e dar uma entrevista, uma estudante pintou o rosto de Serra com as cores verde e amarela. Já no hangar, o presidenciável disse que gostou:
– Sabe que eu gostei da cara pintada. Sou até capaz de ir assim a um debate.
Segundo cálculos da PM, 1 mil pessoas acompanharam o candidato.
Não encaro mais essas matérias jornalísticas com seriedade por não ver muita imparcialidade nas reportagens. O que vejo é muita seletividade de informação. Escancaram o que é ruim para o PT e minimizam o que é ruim ao PSDB à pequenas notas.
Para mim ficou claro que a campanha do Serra resolveu apelar para a baixaria quando não conseguiu elaborar argumentos e falhava em apresentar propostas verdadeiras. E Dilma não atacou, apenas se defendeu do que andaram espalhando por aí, que é à favor de “matar criancinhas”. Até a Veja pegou no pé. Aliás, parece que a Veja resolveu virar panfleto de campanha do José Serra, porque está sempre criticando o PT, o Lula, a Dilma e só.
E agora que a Dilma revida, passam se fazer de vítima. Como se realmente a esposa do Serra não tivesse falado nada por aí. Como se o certo fosse eu ficar calado enquanto um sujeito que não me vê como amigo fica falando mal de mim para a vizinhança.