Por Marcelo Ramos:
Confesso que me faço essa pergunta. Fico parecendo um cara teimoso, implicante e, às vezes até sei que alguns me julgam intransigente.
Tenho essa mania tola de ler com atenção e analisar cada matéria que voto na ALE e de me imiscuir em detalhes que parecem secundários aos olhos da maioria.
Quase sempre sou vencido nas teses que defendo – Darcy Ribeiro já dizia “pior seria estar ao lado dos vencedores” – e não desisto. Sigo teimoso. Defendendo as minhas convicções e não transigindo com ilegalidades.
No país do “jeitinho”, acho que sou eu mesmo o errado.
Nos últimos dias a ALE enfrentou projetos com “jeitinhos” de quem menos se espera.
O Ministério Público deu um “jeitinho” de aprovar o tal “auxílio moraria” que será pago inclusive pra quem tem casa e mora em Manaus.
A Defensoria Pública deu um “jeitinho” de transformar uma gratificação por acúmulo de função em verba de natureza indenizatória, como se um elefante pudesse virar gato por força de lei.
Agora, o Tribunal de Justiça quer dar um “jeitinho” para transformar o cargo de assessor de juiz, hoje é exclusivo de servidor concursado, em cargo de livre nomeação, pasmem, por indicação do próprio juiz.
O mais impressionante é que tudo isso passa na ALE como matéria absolutamente normal, sem gerar nenhuma reflexão da maioria, nem mesmo pra defender a legalidade das medidas. Simplesmente aprovam. Alguns, inclusive, saem e deixam declarações de voto antes mesmo de saber que matéria entrará na pauta. O cara vota a favor não sabe nem de que.
Estou nos últimos dias do meu mandato de deputado e confesso que me sinto um pouco cansado. Crio antipatias e incompreensões, quando mais fácil seria transigir com essas coisas, já que sempre sei que no fim elas serão aprovadas. Mas não sei ser assim. Eu só sei lutar pelo que acredito e nunca desistir.