No Senado, hoje:
Senador Rodrigo Rolembergo (Bloco/PSB – DF) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Parlamentares, (…) não poderia deixar de assumir à tribuna, na tarde de hoje, para manifestar a minha grave preocupação com a matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo sob o título “Abin monitora movimento sindical no Porto de Suape”. Diz a matéria que “para o setor de inteligência do Planalto, trabalhadores que se uniram a Eduardo Campos contra a Medida Provisória (MP) dos Portos podem decretar greve geral”.
Registro aqui que não posso acreditar que o Governo Federal, que se elegeu democraticamente, possa estar fazendo investigações sobre o movimento sindical. E quero repudiar qualquer insinuação (…) de que haveria investigação das relações do Governo de Pernambuco com o movimento sindical de forma que não seja absolutamente transparente.
Senador Rodrigo Rolemberg (PSB-DF)
O Governador Eduardo Campos, cumprindo a sua responsabilidade de Governador de Estado, de liderança nacional, de Presidente do Partido Socialista Brasileiro, (…) vem se manifestando sobre esse tema de forma cristalina, de forma transparente, de forma pública como divulgado pela imprensa. Tanto que ele recebeu em seu gabinete lideranças sindicais de todo o Brasil preocupadas com as consequências da MP dos Portos para os trabalhadores e as consequências dela para o funcionamento dos portos.
(…) Nós sabemos o quanto foi dolorosa a luta pela democracia, compartilhada por grandes líderes deste País como o Governador Eduardo Campos e a Presidenta Dilma Rousseff, e é uma conquista da democracia a liberdade de organização sindical. Portanto, nós consideramos inadmissível qualquer tipo de investigação nesse sentido. Entendemos que a questão social tem de ser tratada no ambiente democrático através do entendimento, do diálogo, da negociação.
E é esse diálogo que o Partido Socialista Brasileiro, por meio de sua liderança maior, o Governador Eduardo Campos, tem procurado fazer para garantir um ambiente de tranquilidade, para que os portos possam continuar funcionando adequadamente, e que qualquer modificação para a modernização dos portos brasileiros não signifique qualquer tipo de afronta aos direitos dos trabalhadores. Investimos no diálogo, investimos no entendimento. Essa tem sido a posição do PSB.
Portanto, falei, fiz questão de falar pessoalmente com o Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, General José Elito Carvalho Siqueira, que fez questão de, pessoalmente, reafirmar-me a nota à imprensa publicada pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, em que nega veementemente qualquer tipo de investigação nesse sentido. É muito importante que a posição do Governo seja muito clara para que não possa pairar qualquer tipo de dúvida a respeito. Ouço o Senador Pedro Taques.
Senador Pedro Taques (Bloco/PDT – MT) – Senador Rodrigo, oxalá esse general a quem V. Exª fez referência esteja falando a verdade. Tomara que ele esteja a falar a verdade. Espero que sim, porque, do contrário, nós estaríamos num Estado policial, nós estaríamos num Estado reacionário. Pelo simples fato de um governador se reunir com sindicalistas, e alguns desses sindicalistas ligados ao Partido de que faço parte, o PDT… Ao que consta, o Paulinho da Força teve uma reunião, discutindo a questão dos portos. Você pode ser contrário ou favorável, mas se você é contrário ou favorável não significa que você seja inimigo.
Alguns ainda têm a ideia de inimigos internos, uma ideia da Escola Superior de Guerra das décadas de 60 e 70. Quero dizer a V. Exª que a campanha eleitoral de 2014 foi antecipada. Já começam a se formar dossiês; nas redes sociais, se você fala contra ou a favor, já existe toda uma patrulha em cima disso. Eu quero crer que, no momento em que o Governador Eduardo Campos atravessar o Rubicão, ou, como se diz em Mato Grosso, “pular o corguinho”, a partir desse momento, o céu poderá ficar mais escuro.
Quero crer que o Brasil esteja preparado para disputas eleitorais, para que nós possamos debater projetos estruturantes para o Brasil, independentemente de partido político. Infelizmente, alguns entendem que a dicotomia, no Brasil, deve existir apenas entre PSDB e PT. O Brasil é maior do que os seus partidos políticos, e nós precisamos de cidadãos como o Governador Eduardo Campos trazendo novos temas para o debate. Fico preocupado, também, com esse – se for verdade, e quero confiar na palavra desse general – Estado policialesco, a utilização de agências governamentais como instrumento de governo. Agências governamentais devem ser instrumento do Estado. O governo é temporal, o Estado é espacial.
Senador. Cristovam Buarque (Bloco/PDT – DF) – Senador Rodrigo Rollemberg, em primeiro lugar, parabéns por não ter deixado passar em branco uma matéria como essa. (…) Mas gostaria que o Governador Eduardo Campos, visse isso como a prova de que a candidatura dele é importante. Precisamos dar uma virada no que temos feito nesses últimos vinte anos – 20 anos privilegiados para o Brasil; não foram, de jeito nenhum, ruins. Quatro Governos se sucederam em uma homogeneidade muito positiva para o Brasil: Itamar Franco, Fernando Henrique, Lula e Dilma. São Governos com a mesma base – quatro bases –, Senador: a democracia, a estabilidade monetária, a transferência de renda para os pobres e a busca do crescimento econômico. Só que esse modelo se esgotou.
A democracia, isso aqui prova que ela não está satisfazendo, não está boa. Há alguma coisa errada quando se levanta essa suspeita, mesmo que não seja verdadeira. A estabilidade monetária, está na cara que ela está ameaçada. A transferência de renda está-se esgotando também. Nós precisamos fazer com que, no Brasil, nenhum brasileiro precise de bolsa. Enquanto um brasileiro precisar de bolsa, a gente tem que dar, mas a gente precisa de um candidato a Presidente que diga como vai fazer para que nenhum brasileiro precise de bolsa, garantindo que, enquanto um precisar, ele vai dar.
O modelo econômico tem que mudar, tem que ser em equilíbrio com o meio ambiente, tem que ser distributivo e tem que ser baseado em produtos industriais de alta tecnologia e não em commodities e metal-mecânica. Por isso, eu acho tão importante que haja uma candidatura do tipo do Governador Eduardo Campos, que traga uma nova visão de futuro para o Brasil, que traga uma proposta nova, que faça uma inflexão nesse rumo dos últimos 20 anos, que está esgotado. Seja ou não verdade isso, eu espero que o Governador tome como prova de que o Brasil precisa de um novo rumo. E esse novo rumo poderá ser conduzido por ele.