A campanha eleitoral termina sua primeira fase como se estivéssemos escolhendo entre duas ou três pessoas em razão de suas diferentes psicologias, grandes feitos, pequenas fragilidades pessoais ou o que mais seja. E não porque representam caminhos diversos para o país.
O governo de Lula e do PT se iniciou disposto a exercer o papel de renovador da política e da ética. Termina abraçado com a despolitização e o clientelismo. Ser pragmático é o que conta; ter bons índices de popularidade, aproveitar as águas calmas de um PIB em ascensão para distribuir benesses para todos os lados, fazer discursos inconsistentes, mesmo que chulos, para agradar cada audiência. E, sobretudo, criar muitas imagens, registrando desde o ridículo até o sublime. Lula na Bolsa se autodefinindo como sumo sacerdote do capitalismo financeiro global representou o coroamento de uma trajetória. Como se de suas mãos escurecidas de petróleo brotassem ações ricas em dividendos futuros, e não do esforço árduo de gerações de trabalhadores, técnicos e políticos para viabilizar a Petrobras como uma grande companhia, da qual todos nos orgulhamos.
Por trás das máscaras dos candidatos, contudo, existem opções reais. Se elas se apresentam desfiguradas pelas técnicas mercadológicas, nem por isso deixam de representar distintas visões do país e interesses diversos. É por isso que, diga-se ou não, o dia de hoje é marcante. Em primeiro lugar porque a despeito de o chefe da nação ter-se comportado como chefe de facção, chegando a falar em extermínio de adversários; apesar da massa de recursos mobilizada em propaganda direta ou indireta com as cornucópias públicas a jorrar rios de anúncios sobre “grandes feitos”; em que pese o personalismo imperial do presidente em sua verborreia incessante; não obstante tudo isso, com certeza pelo menos 40% dos eleitores não se dispõem a coonestar tal estado de coisas. E é pouco provável que os que ainda pendem para o outro lado alcancem hoje os 50% mais um dos votos válidos. A tentativa plebiscitária do “nós bons versus eles maus” não colou, a menos que se condene metade do país ao infortúnio de uma qualificação negativa perpétua.
Em segundo e principal lugar, o dia de hoje é importante porque abre um caminho para a convergência entre os que resistem ao rolo compressor do oficialismo (o PSDB com Serra e o PV com Marina). Temos em comum a recusa ao caminho personalista e autoritário. Rejeitamos a ideia de que esse caminho seja o único capaz de trazer progresso econômico e bem estar social. Sabemos que, junto com o que de positivo possa haver sido alcançado nos últimos oito anos, houve também a penetração avassaladora de interesses partidários na administração pública. Também nela penetraram os interesses de grandes empresas, fundos de pensão e sindicatos. São estes os atores que, em aliança oportunista, dão sustentação à ideia de que é o estado o motor do crescimento econômico. Os que resistem ao rolo compressor acreditam que o antídoto para esses males é o fortalecimento das instituições, o respeito às regras legais e a afirmação de lideranças que não dividam o país entre “eles” – os maus – e “nós” – os bons.
Não é pouca coisa, portanto, o que está em jogo. Segundo o mantra oficial, a disputa política estaria resumida a dois blocos. No primeiro estariam os que estão comprometidos com o interesse popular, com o bem estar social e com a defesa dos interesses nacionais pelo Estado. No segundo, os “moralistas”, que só se preocupam com o mundo das leis e com a honestidade na política porque já estão bem na vida. Vencendo o primeiro, o povo se beneficiaria com a distribuição de renda, as bolsas, emprego abundante etc., e o país com mais investimento e com a ação estatal para incentivar a economia. Vencendo o segundo, prevaleceriam os interesses dos que não olham para “o andar de baixo”, na metáfora expressiva, embora incorreta, e podem se dar ao luxo de exigir formas corretas de conduta.
É preciso recusar essa visão distorcida do país. Na verdade, ele tem vários andares, e um ou mais elevadores que sobem e descem. Há mobilidade social e mobilidade política. O que hoje pode ser visto como “moralismo” amanhã pode tornar-se aspiração de todos os andares. É esta a batalha a ser travada. Não denunciamos a corrupção, o clientelismo e a ineficiência por “moralismo”, mas sim para mostrar, em nome da justiça social, o quanto os andares de baixo perdem com a ineficiência, a corrupção e o clientelismo. Não aceitamos que os defensores do patrimônio público ou os que denunciam o abuso do poder político sejam, por isso, chamados de elitistas. Haverá mais e não menos inclusão social e desenvolvimento quanto mais eficiência houver no governo e decência, na vida pública.
A votação de hoje provavelmente nos levará ao segundo turno. Nele será indispensável mostrar que o PSDB não apenas foi decente como também fez muito pelo social quando foi governo. A começar pela estabilização, que é obra do nosso governo. Fez e está credenciado a fazê-lo novamente, junto com Marina, porque sabe que não há desenvolvimento de longo prazo sem sustentação ambiental.
Sem se arvorar a ser o único portador desses valores, é isso que Serra representa: a recusa da confusão entre malandragem e proximidade com o povo, entre abuso estatal no controle da economia e ação vigorosa do governo no manejo das políticas econômicas e sociais.
O dia é hoje, a hora agora, para começar a construir um futuro melhor: o país merece um segundo turno no qual o confronto aberto entre os contendores dê aos eleitores a oportunidade de ver as diferenças entre os caminhos propostos, encobertas até aqui pela rigidez das máscaras mercadológicas.
Fernando Henrique Cardoso é ex-presidente da República.
A verdade Sarafa, é que a Dilma e o PT são menos pior que a turma do Serra e PSDB. Eu não tenho saudades do FHC. Até concurso público era dificil o FHC liberar. Cruz credo, FCH e Serra, NEVER!
Serafim, faz tempo que você não representa a ideologia do PSB nacional. Publicar reportagem da Folha e de FHC??? Quem te viu e quem te vê!
Comece a aparecer como a real oposição que o Estado necessita. Pois se não o fizer, perderá espaço para o Hissa e o José Ricardo.
Votei no seu filho em consideração a sua pessoa, pois pelo seu filho não daria nem meio voto. Não destrua o pequeníssimo respeito e carinho que tenho por você. Apoie o que o PSB nacional indicar, busque apoio fora dos limites do Amazonas, dialogue com o Planalto e valorize os que realmente deram o sangue na campanha por você em 2004 (abaixe a cabeça e peça desculpas) e esqueça aqueles malditos aliados interesseiros que foram os primeiros a abandoná-lo no ano de 2007.
Por favor, recomece seu trabalho como formiguinha – eleja-se Prefeito novamente – faça um ótimo trabalho – e apague de vez a imagem do último mandato.
Na hora da verdade, o que conta são os votos reais. Um plano que consiste em atenuar as grandes forças políticas do país. Nesse contexto, busco uma reflexão para entender a democracia que vivo hoje e que não gostaria de estr vivendo. A força desleal do dinheiro para um plano diabólico de eliminar o maior senador do Brasil. Arthur Neto! O amazonas está orfão de pai e mãe. Deu certo Lula! Ou será que não….Lula criou um mito político que estará sempre na alma do povo amazonense, que adora paraense,paranaense. Devem ter acordados arrependidos do que fizeram,…..perdoa-lhes Pai eles não sabem o que fazem.
O DIZER E O DITO
Há uma certa distância entre o que o ex presidente Fernando Henrique Cardoso diz e o que já foi dito por ele. Cito um exemplo: certa vez foi dito por ele que o mais importante não é ganhar ou perder popularidade; o mais importante é manter a credibilidade.
De fato, a frase é expressiva e bonita, por assim dizer; agora, se compararmos o que foi dito com o que está se dizendo agora há uma grande lacuna para a compreensão das duas sentenças…… é estranho ver o ex presidente que foi acusado de se aliar a governadores como Amazonino Armando Mendes para comprar votos para a aprovação da reeleição dizer que o grampo da época era ilegal (era imoral?) e agora adotar um discurso anticorrupção. A idéia que se passa é a de que quando se está na oposição se prega a honestidade e quando se está na situação vale tudo!
Mesmo que os dizeres de agora sejam muito diferentes dos ditos de antigamente e as coisas políticas continuem funcionando para determinados grupos políticos, tudo indica que a democracia de direito brasileira (e demagogia de facto) deve avançar e pouco a pouco tornar-se democracia nos dois sentidos da palavra (de facto et de juris). Isso só acontece com a qualificação do eleitorado brasileiro…. Quando o candidato José Serra diz que dará um aumento par o salário mínimo maior que a candidata Dilma e mesmo assim a maioria do eleitorado não acredita nele… isso acontece porquê? Porque ele perdeu a popularidade…. ou por que ele perdeu a credibilidade? Ou pior ainda, porque perdeu os dois? Tudo indica que fora o vencedor da eleição, o segundo maior vitorioso é a candidata Marina e que o segundo lugar não apenas irá perder mas deve ser derrotado (na acepção literal do termo).
É hora do PSDB pensar nas causas do seu insucesso… o que provavelmente pode estar no casamento político com o antigo PFL. Como diria Lenin: O QUE FAZER?