Hoje, 15 de junho, fazem treze anos da partida do meu pai, Joaquim, para o plano superior. Muitas saudades dele, a quem tudo devo, principalmente a minha educação, mas sobretudo os ensinamentos de vida que me deu, alguns não compreendidos por mim à época. Hoje, no entanto, claríssimos.
Ele era um homem de pouca instrução que teve que deixar a sua terra, Lourosa, Vila da Feira, Distrito de Aveiro, em Portugal, onde não tinha trabalho, e acompanhar seu pai Serafim e seu tio Joaquim para trabalhar do outro lado do oceano.
O meu avô Serafim e o meu tio-avô Joaquim eram especialistas em trabalhos com estuque, gesso e pó de pedra. Em 1925, Joaquim Gonçalves Araújo, o lendário Comendador J. G. Araujo, bisavô da Norma Araujo, que era o principal mantenedor da Santa Casa de Misericórdia, foi a Portugal para contratar operários que fizessem em pó de pedra a fachada da Santa Casa. E contratou o meu avô e o meu tio avô. Eles, que haviam trabalhado na reconstrução de Paris no pós 1ª Guerra Mundial, vieram para Manaus em 1925. E em 16 de julho de 1927 meu pai, com 21 anos de idade, saiu do Porto de Leixões com destino de Manaus chamado por seu pai, meu avô. Trouxe duas malas de madeira: uma com suas roupas e outra com ferramentas de carpinteiro, sua profissão. Veio pelo navio Hildebrand. Aqui chegou em 2 de agosto de 1927 e começou a trabalhar já no dia 8 na empresa de construção J. Lopes & Cia., da qual mais tarde seria sócio. Depois trouxe seu irmão Alcino e só em 1981, portanto 54 anos depois, voltou juntamente com ele à sua terra natal em viagem de passeio e reencontro.
Meu pai era lúcido, sábio e objetivo.
Aqui casou com minha mãe Safira, viu nascer seus filhos – eu e a Bibi -, sobrinhos, netos e bisnetas, a quem sempre dedicou muito carinho e atenção.
Viveu intensamente 96 anos e em 15 de junho de 2002 partiu deixando saudades, bons exemplos e a certeza do dever cumprido.
Por certo está em um bom lugar, pois por aqui só semeou o bem, o amor e as boas coisas.
Saudades meu pai querido.