O Governo do Amazonas decidiu construir um DIP (Distrito Integrado de Polícia) no local onde existiu o Parque Amazonense – palco da história do futebol no nosso Estado. A decisão exige duas reflexões.
A primeira de natureza histórica. Com a obra, apagaremos de vez importante registro da história do futebol profissional do Amazonas e isso é sempre lamentável.
A segunda de natureza política e social. É sobre ela que quero me ater nessas linhas.
Quando precisamos de mais delegacias que de campos ou quadras é porque perdemos a guerra para a violência e para o tráfico ou porque nossos governantes desistiram das nossas crianças, dos nossos adolescentes e da nossa juventude.
Um governo que acredita nas pessoas, deve até construir delegacias, mas sempre constrói campos, quadras, pistas de corrida, teatros, bibliotecas, salas de leitura, piscinas públicas. E nunca troca um área de lazer por uma delegacia, porque, quando precisamos dessa, é porque já perdemos a batalha.
Os responsáveis pela política de segurança pública do Estado do Amazonas precisam entendem que sem espaços de lazer, sem campos de futebol, sem quadras, sem pistas pra corrida/caminhada eles podem construir milhares de delegacia que nunca teremos paz, pois a cada dia perderemos mais uma criança, um adolescente ou um jovem, para a bebida, para as drogas ou para a violência.
Um Governo que não fez uma Praça da Juventude sequer, apesar de ter disponível recurso do Ministério do Esporte para tal, não pode se dar o luxo de retirar o único espaço coletivo de esporte e lazer dos moradores do Beco do Macedo e adjacências.
Houvesse ao menos bom senso dos governantes, ali poderia até ser um DIP, mas cercado por uma praça de esporte, lazer e vivência comunitária, inaugurando um novo modelo de maior aproximação e interação entre polícia e comunidade que é a essência do Programa Ronda no Bairro.
O esporte e o lazer ajudam a evitar que novos entrem no crime. A delegacia pune e encarcera aqueles que já perdemos para o crime.
Governador, ainda há tempo. Salve o Parque Amazonense.