Inúmeras atividades podem ser exploradas na Amazônia e em todos os biomas brasileiros que se ajustam à questão de como produzir e, simultaneamente, preservar os recursos florestais. Destaco, a título de exemplos: a) manejo florestal sustentável de floresta; b) sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta; c) agricultura conservacionista; d) gestão comercial de reservas e parques nacionais; e) turismo ecológico; f) piscicultura fluvial e oceânica; g) resgate de áreas degradadas; h) uso competitivo e sustentável da água, dentre outras econômica e sustentavelmente viáveis. Como se pode observar, apenas os itens ora alinhados permitem a configuração de uma agenda capaz de sustentar um plano de desenvolvimento social e econômico para, ao menos, meio século. Uma questão de bom senso, responsabilidade e políticas públicas consentâneas às expectativas da nação brasileira.
O manejo florestal sustentável (MFS) é um modelo que permite a exploração racional dos produtos madeireiros e não madeireiros com técnicas de mínimo impacto ambiental sobre os elementos da natureza. Desta forma, uma floresta manejada continuará oferecendo indefinidamente suas riquezas para as gerações futuras, levando em conta que a madeira, os produtos derivados e demais recursos florestais são renováveis e, com efeito, atendem os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, segundo os quais, para ser sustentável, o manejo deve ser economicamente viável, ecologicamente correto e socialmente justo.
De acordo com a Embrapa, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), outra ferramenta bem sucedida em diversas nações do Globo, é uma estratégia de produção que vem crescendo no Brasil nos últimos anos. Trata-se da utilização de diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área. Pode ser feita em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, gerando benefícios mútuos aos mais diversos campos de atividades. O ILPF busca, em síntese, otimizar o uso da terra, elevando os patamares de produtividade em uma mesma área de sorte a conciliar o melhor uso dos insumos, diversificando a produção e gerando mais renda e emprego. Objetivando ampliar a adoção de sistemas ILPF no Brasil, a Embrapa se juntou a instituições privadas formando a Associação Rede ILPF. Esta parceria público-privada fomenta a pesquisa, a transferência de tecnologia e a comunicação sobre a ILPF, além de capacitar assistência técnica, certificar propriedades e viabilizar crédito rural.
A água faz parte de uma rede de interdependências nem sempre percebida e valorizada. Sua escassez impacta a oferta de alimentos, de energia, de saúde e de mobilidade, como se vê no noticiário. E como é recurso finito, preocupações relacionadas à competição pelo seu uso crescerão de forma proporcional ao aumento da demanda pela sociedade. Segundo estudos da Embrapa, 12% das reservas de água doce do planeta, 80% concentram-se na Amazônia, 20% abastecem larga extensão do território brasileiro onde habitam 95% da população. O Brasil, no entanto, convive com situações preocupantes de escassez, tanto em relação à seca que penaliza o semiárido nordestino há décadas e o severo déficit hídrico que no momento aflige a Região Sudeste, pressupondo a necessidade de aprimorar o manejo e o uso sustentável dos recursos hídricos.
Políticas públicas voltadas ao uso das riquezas potenciais da Amazônia devem focar o “rainbow of opportunities” oferecido pela bioeconomia, férteis campos geradores de riquezas na região, de alta relevância para satisfação de necessidades vitais da população mundial. Assiste-se, todavia, a um descomunal crescimento de implacável tsunami oposicionista com o propósito maior de apenas gerar dificuldades agudas, desconstrutivas à região, jamais comprometidas com os interesses amazônicos e de sua gente. Como diz a sabedoria popular, apontar erros e criticar é extremamente fácil, principalmente quando não se oferece soluções.