Associado a opinião da comunidade científica do Amazonas, o deputado estadual Serafim Corrêa reafirmou que o retorno das atividades presenciais, assim como a reabertura gradual do comércio, acende o alerta para o risco de uma segunda onda de casos do novo coronavírus no estado.
A avaliação foi feita durante audiência pública virtual realizada pela ALE-AM (Assembleia Legislativa do Estado) na manhã desta segunda-feira, 8, que reuniu cientistas e sociólogos para debater os possíveis impactos do retorno das atividades presenciais e o enfraquecimento do isolamento social durante a pandemia no Amazonas.
“Sabemos que a Assembleia Legislativa é um ponto de referência para a população. Eu tenho receio de que essa reabertura do comércio, e um possível retorno das atividades da Casa Legislativa, seja um exemplo negativo para a sociedade amazonense e pior, leve a uma segunda onda de casos no estado. As instalações da ALE-AM, o plenário pelo menos, é um ambiente fechado onde não entra ar, não entra vento, não entra também a luz do sol, então acho que é um ambiente propício para a disseminação do vírus. Basta que uma pessoa infectada entre nesse ambiente para infectar a todos”, avaliou o deputado.
O líder do PSB na ALE-AM lembrou que causa temor a reabertura de escolas próximas as unidades hospitalares, como é o caso do Colégio Militar da Polícia Militar, localizado no mesmo terreno do Hospital Nilton Lins, onde são tratados pacientes com covid-19.
A pesquisadora titular do Instituto Leônidas & Maria Deane/FIOCUZ em Manaus, Luiza Garnelo, avaliou que, no caso no plano de reabertura de escolas, é necessário que seja realizado pelo estado e prefeitura um planejamento geográfico.
“A maioria das escolas de Manaus estão próximas a unidades hospitalares, e incluo aí também a UEA, a Ufam, então é necessário um planejamento geográfico pensando nas aglomerações. Na prática, o isolamento já acabou, então temos que correr atrás do prejuízo”, avaliou Garnelo.
Serafim lembra que o Amazonas totaliza, até domingo (8), 49.269 casos confirmados do novo coronavírus, conforme boletim epidemiológico consolidado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM). De acordo com o boletim divulgado, o estado possui 2.250 mortes. Apesar dos números, o governador Wilson Lima realizou a reabertura do comércio no dia 1º deste mês.
De acordo com o pesquisador do INPA, Lucas Ferrante, Manaus poderá ter milhares de novas mortes nos próximos meses caso seja mantido o relaxamento das medidas de isolamento social.
“É uma negligência essa abertura do comércio. Um estudo havia sido enviado por vários pesquisadores alertando que não poderia retomar essas atividades”, disse.
Também participaram da audiência, de autoria do presidente da ALE-AM, deputado Josué Neto, o professor Henrique Pereira, da Ufam; o professor Alexander Steinmetz, diretor do Departamento de Matemática da Ufam; o sociólogo e professor da Ufam, Luiz Fernando; Nelson Fragi, da FHemoam; Bernardino Albuquerque, infectologista do Hospital de Medicina Tropical.