O transporte coletivo de Manaus vive a pior crise da sua história. A instabilidade causada pela atitude do Prefeito que negou o antigo contrato de concessão e tratou a questão da tarifa de forma demagógica, aumentando e baixando a tarifa conforme as suas conveniências políticas, contribui muito para o caos atual.
Também contribui para a crise instalada a perda da autoridade do órgão fiscalizador no combate das mais variadas formas de transporte clandestino (lotações, mototaxi e até carros particulares fazendo transporte de passageiros), já que essas modalidades de transporte agem como predadores do sistema.
É nesse momento de crise que a Prefeitura realizou uma nova licitação que, de fato, não trouxe nada de novo para o sistema, já que as empresas vencedoras são exatamente as mesmas que compõem a Transmanaus, mas que deve ao menos servir para retomar a estabilidade do sistema e resgatar a capacidade de crédito das empresas para adquirir novos ônibus.
Acontece que, novos ônibus resolvem o problema em parte, são necessárias e urgentes intervenções viárias, com alargamento de ruas, construção de corredores exclusivos, instalação de sinalização inteligente, reforma e ampliação dos terminais e implantação de sistema informatizado de controle de frota, sob pena de termos ônibus novos que continuarão demorando muito e andando superlotados.
É por essa necessidade premente de realizar intervenções estruturantes que aumentem a velocidade média do nosso sistema, priorizando o transporte coletivo, ainda que isso se dê em detrimento do individual, que lamento tanto as trapalhadas e desencontros relacionados aos projetos do BRT e Monotrilho, hoje com seus recursos do COPA-PRÓ-TRANSPORTE arquivados e sem previsão de liberação.
É nesse cenário que a Prefeitura anuncia um desproporcional aumento da tarifa para R$ 2,75, sacrificando a população, pela incompetência dos gestores e ineficiência dos empresários do sistema, a sociedade precisa resistir.
Marcelo Ramos é advogado e deputado estadual pelo PSB. www.deputadomarceloramos.com.br
UMA TARIFA E TRANSPORTE NOVOS, SIM!
A análise do deputado/vereador é muito boa não fosse um detalhe: ele foi o gestor do transporte público na Prefeitura à época em que todo esse caos foi provocado. Ponto. Não precisaria dizer mais nada.
Mas, como ele sabe muito bem usar o ataque como estratégia de defesa, vamos aos fatos para refrescar a memória desse senhor, o verdadeiro causador dos problemas enfrentados pelos usuários nas filas e latas-de-sardinha, os odiáveis ´cacarecos´, que ele anunciou como ´500 ônibus novos, eu sou + um´. Todos se lembram dessa campanha baseada na ‘operação maquiagem’, que foi desmascarada pelo próprio jornal que publica seus artigos, como este que comentamos agora.
Fato: o atual consórcio Transmanaus foi uma ‘genial’ criação de sua gestão para agradar os ‘donos’ do sistema e ficar tudo certo do maior monopólio que se tem notícia no transporte público do país. Isso é que é agradar aos empresários e blindar o negócio com um contrato draconiano onde a prefeitura tem que pagar 500 milhões de multa se quiser quebrar o acordo mal feito. Pense num negócio bem feito, armado e amarrado?!
Fato: o serviço eletrônico de controle do sistema que diz qual o número de usuários/dia, ônibus em circulação, emissão da bilhetagem, tudo, imagine: foi colocado nas mãos dos empresários, os donos do negócio. Como poderia dar certo, ser isento e funcionar um serviço com essas bases?! Imagine, os caras prestam o serviço, controlam as informações, logo, fica fácil se quiserem, fingir que trabalham e a prefeitura fingir que controla o serviço prestado. Só mesmo querendo tripudiar da inteligência da gente!
Fato: a farra das carteirinhas estudantis era um escândalo que a gestão de Marcelo Ramos fazia de conta que não via. Um verdadeiro ralo onde todo tipo de falcatrua era feita em nome de beneficiar os alunos, que no fim das contas era quem sofriam por um sistema deficiente.
Agora sim, a gestão de Amazonino Mendes está devolvendo às mãos do povo, através da Prefeitura, o sistema público de transporte urbano. O sistema de bilhetagem volta ao controle municipal: vamos saber ‘on line’ quantas pessoas estão utilizando o sistema, onde e quantos ônibus estão circulando ‘ao vivo’. A que horas vai passar na parada de ônibus perto de sua casa.
Quanto ao monopólio, Amazonino, quebra com esse câncer e fatia o sistema em 10 lotes, em partes iguais para que ninguém se torne gigante e resolva mandar no sistema, e pelo visto, no gestor de plantão que fazia-tudo-o-que-seu-mestre-mandar. Assim, se alguma quebrar por algum motivo fica fácil trocar por outra sem o sistema sentir.
As soluções apontadas agora por Marcelo valem também para o período em que eles estiveram à frente da Prefeitura. E o que fizeram, ou não fizeram, todos conhecem bem. Agora sim, vai ter corredores exclusivos com o BRT (em fase de aprovação na CEF), sinalização inteligente (já em instalação), intervenções viárias com viadutos, asfaltamento, novas vias… Enfim, Amazonino mais uma vez mostra que tem uma visão maiúscula e sabe fazer.
Quanto à tarifa, nunca antes foi feita uma discussão tão ampla e transparente como agora, quando a sociedade participou da semana de discussões no Fórum da Tarifa organizado pela Prefeitura. Infelizmente o vereador se omitiu em participar da discussão aberta para todos os segmentos da sociedade. Preferiu mandar um ‘olheiro’. E antes que falem em aumento já, vamos lembrar que a mudança só ocorrerá a partir do meio do ano, quando os ônibus novos chegarem e a frota de Manaus for a mais nova do Brasil. É assim que se faz, Manaus está já muito melhor, mas ainda vai melhorar muito mais.