De ACRITICA.COM, por Lúcio Pinheiro:
O universo de ações judiciais das varas de Família pode ser reduzido com audiências de conciliação. Segundo juíz Luiz Cláudio Chaves, não existe no Brasil uma cultura de conciliação dos conflitos
A Justiça do Amazonas acumula uma montanha de 33,7 mil processos pendentes de julgamento apenas nas varas da família. A falta de estrutura, o excesso de burocracia e de recursos são apontados pelo coordenador do Centro Judiciário de Soluções de Conflitos e Cidadania (Cejuscon), juiz Luiz Claúdio Chaves como os fatores que geram a morosidade dos processos e travam a atuação do Judiciário.
Na terça-feira, o Cejuscon iniciou uma série de três mutirões de conciliação para desentulhar as gavetas dos magistrados das varas de família e juizados especiais. O primeiro mutirão envolvendo processos das 1ª e 2ª Varas de Família e Sucessões, alcançou 63,6% de acordos. Segundo Luiz Cláudio Chaves, para os três dias de trabalho foram agendadas 360 audiências. “Uma vara levaria meses para realizar 120 audiências”, explicou o magistrado.
Segundo Luiz Cláudio, não existe no Brasil uma cultura de conciliação dos conflitos. E qualquer assunto pode resultar em longas brigas na Justiça. “Existe uma cultura de querer brigar, às vezes, simplesmente para usar o processo como instrumento para atingir o outro”, afirmou o coordenador.
Para o magistrado, quando se olha para a estrutura física e de pessoal dos tribunais, percebe-se que o Judiciário não consegue acompanhar a demanda pelos seus serviços, que só aumenta com o crescimento da população. “É preciso aumentar o número de funcionários. A população e a demanda pelos serviços públicos cresce muito. A questão é que, hoje, contratar novas pessoas por concurso demora, leva tempo”, diz o juiz.
Luiz Cláudio ressaltou as amarradas criadas pela própria legislação. Como o excesso de recursos que se proliferam ao longo de um processo. “Um processo que começa na primeira instância pode chegar à principal corte do País, que é o STF”, lamentou o magistrado.
Estratégia
Para aumentar o número de processos julgados, os tribunais de Justiça em todo o País têm encontrado como solução imediata, mas não definitiva, realizar mutirões de conciliação. Quando em um dia é possível realizar até 120 audiências.
“O grande problema da justiça é o entulhamento da máquina judiciária. Não queremos mais que as pessoas envelheçam esperando uma decisão da Jusiça. A vantagem da conciliação é que facilita a pacificação social, porque resolve o conflito”, afirmou Luiz Cláudio.
O coordenador do Cejuscon disse que a meta é que até o final do ano seja possível realizar oito mutirões por mês. “Diminuir o tempo de tramitação do processo é fazer a Justiça chegar mais rápido às pessoas”, defendeu o magistrado.