Disse Sêneca no início da Era Cristã: “Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir.” Dois mil anos depois estas palavras estão atuais, pois se você não sabe o que quer, qual é a sua agenda, qual é o seu objetivo, nada vai lhe ajudar. Isso vale para a vida pessoal, mas, principalmente para a política e a economia. Afinal, o Brasil vive uma crise econômica, política e ética. Queremos sair dela, mas cada um atira para um lado e, desde o Governo federal, em verdade, não temos agenda. Assim fica difícil.
Como na política não há espaços vazios, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, apresentou a chamada Agenda-Bomba, um conjunto de emendas constitucionais que ampliam as despesas, sem previsão de receitas, e desorganizam mais ainda as contas públicas. Já o presidente do Senado, Renan Calheiros, e mais 40 senadores, apresentaram uma agenda de 28 itens para servir como agenda básica. O governo federal foge da pauta de Cunha e abraça-se com a de Renan. Das discussões preliminares, foram acrescidos mais 15 itens e depois retirado pelo menos um: o que previa a cobrança pelos serviços prestados pelo SUS. A agenda é ampla: vai desde a elevação da idade mínima para a aposentadoria até a saída do Brasil do MERCOSUL.
A iniciativa tem o mérito de colocar uma agenda à mesa. É ampla e dispersa, mas é o que temos. O desafio colocado para as forças políticas é o entendimento a partir dela, para reduzi-la, ampliá-la ou modificá-la, mas gostemos ou não, o senador Renan apresentou um ponto de partida. Agora, vamos às discussões para definir o que queremos.