PSB lembra 10 anos sem Miguel Arraes e um ano sem Eduardo Campos

Treze de agosto é, para o PSB e para a política brasileira, um dia de relembrar – além de duas grandes perdas – o legado de dois homens públicos que transformaram sua vida em verdadeiros exemplos para o Brasil. Em 13 de agosto de 2005, o País perdeu Miguel Arraes. Em 13 de agosto de 2014, perdeu Eduardo Campos.A triste coincidência da partida de dois dos mais importantes políticos da história do Brasil iniciou há muitos anos, em Pernambuco, onde eles forjaram suas lutas e suas histórias. E foi a partir da vida desses dois homens que o Brasil passou a conhecer Pernambuco e uma nova forma de fazer política.

Miguel Arraes – Dr. Arraes – como era carinhosamente chamado – nasceu em Araripe, interior do Ceará, e construiu sua carreira política em Pernambuco. Foi o grande líder da esquerda brasileira no Nordeste e um dos maiores do Brasil. Teve sua vida pública marcada pelo compromisso com a redução das desigualdades sociais, com a educação de qualidade e pela luta em prol da democracia brasileira.

Além de Secretário da Fazenda de PE, Arraes foi deputado estadual e federal, prefeito do Recife e governador de Pernambuco por três mandatos. No dia 1º de abril de 1964, quando era governador, foi deposto pelo Golpe que instituiu a ditadura militar no Brasil e ficou preso em quartéis do Recife e da Ilha de Fernando de Noronha.

Em 1965, partiu com da família para o exílio na Argélia, onde permaneceu por 14 anos. Em 1979, com a anistia, voltou ao Recife e não desistiu da política.

“Nunca me preocupei com rótulos. O rótulo de radical, conciliador, não tem nenhum sentido para mim, como não tinha sentido me chamarem de comunista no passado. O que importa é a prática política; o que importa são os posicionamentos que se tomam ao lado de determinadas camadas sociais em defesa de teses que interessam à nação como um todo”.

Em 1982, foi eleito deputado federal; em 1986, foi eleito pela segunda vez para governar Pernambuco. Em 1990, já filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) foi eleito, novamente, deputado federal, desta vez com a maior votação proporcional do País. Em 1993, foi eleito presidente nacional do PSB, cargo que ocupou até 2005. Em 1994, foi eleito pela terceira vez governador de Pernambuco. Em 2002, elegeu-se mais uma vez deputado federal.

Arraes morreu aos 88 anos, no dia 13 de agosto de 2005, no exercício do seu mandato no Congresso Nacional. Em todos os anos de vida pública, deixou um importante legado, especialmente na educação, na área social e no setor rural.

Com trajetória exemplar, Miguel Arraes é lembrado até hoje com muita emoção pelo povo pernambucano.

Eduardo Campos – Neto de Miguel Arraes, Eduardo herdou do avô a paixão e a vocação política. Desde muito cedo se dedicou à sua formação e capacitação. Em 1986, abriu mão de um mestrado nos EUA e ajudou a campanha de Arraes para o Governo do Estado de Pernambuco. O projeto foi vitorioso, e ele acabou nomeado chefe do gabinete do governador. Desde então sempre mostrou seu pensamento inovador e sua visão de futuro, características que, aliadas ao carisma, foram sua marca.

No ano de 1990, Campos filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) e concorreu pela primeira vez a deputado estadual. Elegeu-se e, na Assembleia Legislativa de PE, desempenhou como poucos o papel de liderança, destacando-se como um dos melhores parlamentares da bancada de oposição.

Com olhar no futuro, Eduardo avançou. Decidiu concorrer a deputado federal e foi eleito, em 1994, com grande votação – 133 mil votos. De 1996 a 1998 foi Secretário da Fazenda em novo governo de Arraes em PE. Em 1998 e 2002 reelegeu-se deputado federal. O próximo desafio, seguindo em forte ascensão, foi comandar o Ministério de Ciência e Tecnologia. Já na política partidária, Eduardo substituiu o avô na presidência do PSB, em 2005.

Com experiência e coragem, o passo seguinte foi concorrer ao governo de Pernambuco. E, de forma brilhante, em 2006, fez uma grande campanha, dialogando diretamente com a população. Foi eleito com 65% dos votos.

A dedicação e o vigor de Campos fizeram de Pernambuco um novo Estado. Os resultados garantiram a reeleição do projeto com 82% dos votos válidos. Nos oito anos como governador, o neto do Dr. Arraes foi eleito por cinco vezes o melhor governador do Brasil e, ao deixar o Palácio do Campo das Princesas, tinha 90% de aprovação.

Sem jamais desistir de olhar para o futuro, em 2014 enfrentou o maior desafio da sua trajetória política: a candidatura à Presidência do Brasil. Com coragem e audácia, percorreu o Brasil apresentando suas ideias. Por onde passava, ganhava a confiança de milhões de pessoas.

“Não vamos desistir do Brasil. É aqui que nós vamos criar nossos filhos. É aqui que nós temos que criar uma sociedade mais justa.”

A campanha, porém, foi interrompida no dia 13 de agosto, em meio à corrida eleitoral. Eduardo e mais seis pessoas morreram em um acidente aéreo. Na véspera Eduardo Campos tinha feito um pedido ao povo brasileiro: “Não vamos desistir do Brasil!”.

Miguel Arraes e Eduardo Campos nos deixaram um importante legado: além da certeza de que a política deve ser feita com o coração, com carisma, coragem, capacidade e responsabilidade, através da liderança deles, os pernambucanos e os brasileiros reaprenderam a sonhar.