PORTOS BRASILEIROS: O GARGALO DE SEMPRE.

O Terminal Graneleiro de Itacoatiara

A FOLHA DE SÃO PAULO de hoje traz matéria sobre a necessidade de investimentos em portos brasileiros. Diz serem necessários 43 bilhões de reais mas que o PAC somente prevê apenas 9 bilhões e 800 milhões de reais. Aponta ainda como grande problema o escoamento da produção de soja do centro oeste para o exterior que poderia ser feita pelo norte, mas que termina indo para Santos e Paranaguá.

Esse é um tema que merece, pelo menos, dois olhares.

O primeiro do ponto de vista do tamanho do Estado brasileiro e de sua carga tributária. Todos queremos diminuí-la, mas alguns, ao mesmo tempo, querem mais recursos para investimentos em áreas como a dos portos. Como o Estado não fabrica recursos, para ter mais recursos teria que aumentar a carga tributária. Como a sociedade rejeita esse caminho, outras alternativas têm que ser buscadas. Uma delas, nesse caso, é leiloar concessões de novos portos para que a iniciativa privada invista e opere mediante regras e fiscalização da União. Esse, a meu ver, é o caminho que, no entanto, não é seguido. Resultado: temos um gargalo a dificultar o nosso desenvolvimento.

O segundo, o olhar da geografia. Quase vinte anos atrás, o saudoso economista Raimar Aguiar quando Secretário de Planejamento do Estado no Governo Gilberto Mestrinho e representante do Amazonas perante à SUDAM defendeu que a soja do Mato Grosso, ao invés de sair por Santos e Paranaguá causando mais problemas do que os que já existem no sudeste, escoasse por Itacoatiara, através da Hidrovia do Madeira. O Pará, pelo seu então Governador Jáder Barbalho, defendia o escoamento por Santarem, através da BR-163 que liga Cuiabá a Santarém. A SUDAM aprovou os dois projetos. O do Pará está inviabilizado por conta da BR-163 continuar sem asfalto e em precárias condições. O de Itacoatiara foi avante e hoje pelo menos dois milhões e quinhentas mil toneladas de soja, por ano, são escoadas pelo Porto Graneleiro da Hermasa. A soja sai do Mato Grosso para um porto em Porto Velho. De lá passa para balsas que são transportadas pelo Rio Madeira em comboios até Itacoatiara e armazenada no Terminal de onde é embarcada em navios graneleiros para o exterior. Isso diminui o custo do frete em US$ 30,00 por tonelada, além de retirar da malha do sudeste milhares de carretas que teriam que ser usadas para levar essa soja para Paranaguá e Santos.

Os caminhos parecem claros, restando agora a decisão.