Pensar o Brasil

Por Alfredo MR Lopes ,  alfredo.lopes@uol.com.br:

Em julho próximo, a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, FEA/USP,  dá sequência à quarta etapa do Curso Pioneirismo Empresarial no Brasil e a Construção do Século XXI, com a participação dos heróis da resistência amazônica, e também nordestina, os pioneiros que construíram a história do desenvolvimento do país. E que o fizeram numa época de adversidades de toda ordem, onde a criatividade e a obstinação eram a principal infraestrutura motivacional para ordenar e transformar em nação o mega latifúndio imperial que esta República chamada Brasil, de certa maneira, ainda representa. Mais uma vez o Amazonas se fará presente, num contexto de integração – pensar o Brasil, em sua diversidade e demandas –  que prioriza as lições do  pioneirismo empreendedor para jogar luzes na compreensão e gestão do país. Essa história começou em 2013, com a inclusão do Amazonas no projeto do Pioneirismo Brasileiro, da USP, sob a batuta do professor Jacques Marcovitch, um parceiro histórico, que viera recuperar a figura pioneira do professor e empreendedor Samuel Benchimol, frequentador assíduo das iniciativas de pesquisa e desenvolvimento, envolvendo São Paulo e Amazonas. Desde então, os arautos da esperança, os pioneiros da floresta, se juntaram à jornada, e se prontificaram ao desafio de pensar e repensar o Brasil.

O ofício é imenso, especialmente neste momento de brasilidade à deriva, do caos que se instalou com a crise política e econômica. ” Os pioneiros do Norte e Nordeste do Brasil na sala de aula”,  unidade da programação, desta vez voltada para um público de professores da rede pública do Estado de São Paulo, será uma oportunidade única de acender a poronga, a luminária primitiva, na escuridão da floresta. Assim faziam os seringueiros nas madrugadas escuras para sangrar a árvore da fortuna, a Hevea brasilienses, na construção da esperança de um país melhor. Contar para os professores de São Paulo a história da Amazônia é acreditar que os alunos de hoje possam – na condição de futuros gestores – conhecer melhor, portanto, amar e cuidar deste patrimônio monumental, 2/3 do território nacional, onde pululam mais de 20% dos princípios ativos do planeta, almoxarifado biótico da humanidade em termos de alimento, saúde, energia e chaves do mistério da origem, preservação e perenização da vida.

O pioneirismo do Norte, ou seja, de Minas pra cima,  o mapa que o Brasil Sul/Sudeste desconhece, tem outros enigmas a decifrar. Se  o declínio  da economia da borracha, no início do século XX, trouxe o capital itinerante para a economia do café em São Paulo – a Amazônia respondeu de 1880 a 2910,  três décadas, por 45% do PIB – com o fracasso na economia da borracha, os migrantes nordestinas, que fizeram a Amazônia, passam a atuar  na base da construção da economia do Sudeste. Sem conhecer essas raízes os frutos não serão valorizados.

Mais do que uma bomba biônica – nas lacunas de tanto conteúdo – que hidrata os rios do Brasil, a exuberância da floresta tropical amazônica, na  aglomerações de suas espécies, almoxarifado de biodiversidade ou simples estoque de carbono, é base de uma dinâmica pulsante de vida, que alimenta este organismo chamado planeta, hidrata sua respiração e lhe confere poder na distribuição dos elementos vitais, uma capacidade de empreender o equilíbrio climático, dando suporte também a manutenção e  florescimento de sociedades humanas. Como não fazer deste patrimônio uma razão de brasilidade e motor de uma civilização fraterna, plena de oportunidades, integrada e  plugada num paradigma de equilíbrio entre a natureza e a cultura? Este são os desafios e as lições constantes de  sustentabilidade, seus objetivos, que navegam entre na aferição equilibrada entre  o desenvolvimento e o ambiente natural, um monumental conteúdo programático de toda nossas vidas.