Por Osiris Silva:
Realizou-se, do dia 29 de junho (sexta-feira) a 2 de julho (domingo), a 52ª edição do Festival de Parintins, envolto, como da tradição, por acirrada contenda entre os bois-bumbás Garantido e Caprichoso (vencedor do torneio deste ano), uma das mais importantes celebrações culturais do País. Atraindo cerca de 70 mil turistas nesta edição, estimativas oficiais revelam ainda que o festival injeta R$ 50 milhões na economia local por ano e gera, pelo menos, 5 mil empregos diretos e indiretos na sede municipal. Parintins, cidade de 112 mil habitantes, com sua economia fortemente ancorada nos eventos ligados ao Festival (produção, confecção de fantasias, adereços, alegorias, logística operacional, iluminação, compositores de toadas, artistas), ano a ano amplia sua área de influência ao se responsabilizar pela produção de outros festivais espalhados pelo interior do Amazonas.
O feérico e retumbante espetáculo fascina, enfeitiça, prende. O bumbá, diz a historiagrafia, tem suas raízes no conhecido Auto do Boi, muito popular entre os nordestinos que migraram para a Amazônia durante o ciclo da borracha. Em Parintins, ganhou novos contornos com personagens do cotidiano ribeirinho e sotaques dos povos da floresta. No enredo, um peão (escravo) mata um boi querido por um rico fazendeiro para que sua mulher, grávida, possa conter seu desejo de comer a língua. Como o fazendeiro e sua filha, que tinha o boi como favorito, ficam irritados, o peão pede ajuda de um pajé da tribo, a fim de ressuscitar o animal. Em torno dessa temática os bois foram se popularizando, atraindo multidões de fanáticos seguidores, a tal ponto que Parintins se divide, literalmente, entre azuis e vermelhos.
Inicialmente, o festival contava com apresentações de quadrilhas juninas, danças estas que aos poucos foram se tornando menos interessantes à medida que crescia o fanatismo pelos bois Azul (Caprichoso) e Vermelho (garantido). Com o passar do tempo e as disputas se tornando mais contundentes, o evento cresceu e ganhou fama nacional e internacional. De acordo com dados do Portal Brasil, cada boi reúne, em média, 600 brincantes, sendo seus elementos fundamentais baseados em rituais, celebrações folclóricas, figuras típicas, lendas e tribos. As técnicas empregadas nas coreografias e alegorias dos bois e demais personagens durante as apresentações têm influenciado até desfiles de carnaval de Escolas de Samba do Rio de Janeiro e São Paulo, com a inclusão de movimentos e alegorias articuladas.
A Coca-Cola Brasil, um dos principais parceiros do Boi de Parintins, aplica, anualmente, R$ 5,5 milhões no suporte à realização do Festival. Por outro lado, nesta edição 2017 promoveu, associada ao Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), o Water Summit 2017, agenda preparatória para o 8º Fórum Mundial da Água, maior evento global sobre o tema, de responsabilidade do Conselho Mundial da Água e que será realizado pela primeira vez no Brasil, em 2018.
O Water Summit 2017, versão fluvial, reuniu no navio-hotel IberoStar (capacidade para 150 passageiros alojados em 70 apartamentos e duas suítes) representantes de importantes instituições mundiais ligados ao meio ambiente e sustentabilidade. Dentre estas: FAO/ONU, BIRD (Banco Mundial), Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Fundação Avena, WWF, Nature Conservancy, McDonald’s do Brasil, Fundação SOS Mata Atlântica e Fundação Amazônia Sustentável (FAS), dentre outras.
O evento objetivou, em síntese, refletir e apontar soluções para garantir sustentabilidade dos recursos hídricos, tema de relevância mundial de acordo com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pelas Nações Unidas, que prevê a erradicação da fome no mundo pelo ano 2030 e assegurar aumento de 70% na produção mundial de alimentos para atender a população da terra que, por volta de 2050, deverá alcançar 10 bilhões de habitantes.