Pan-Amazônia, um livro referencial

Por Osíris Silva:

O livro Pan-Amazônia: Visão Histórica, Cooperação e Integração para o Desenvolvimento, além de procurar mostrar a Amazônia de um ponto de vista multifacetado em relação aos pilares fundamentais de sua complexidade sociocultural, econômica e ambiental, busca responder a algumas das grandes questões relativas ao que o Brasil e os países pan-amazônicos esperam da região no futuro próximo.

A região em questão transcende o território brasileiro, peruano, colombiano, equatoriano. Na verdade, é compartilhada por oito países e um território (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela). Ocupa mais de 40% da superfície da América do Sul, com 7,5 milhões de quilômetros quadrados, habitados por 30 milhões de pessoas. O fato corrige o imaginário mundial segundo o qual a Amazônia é exclusivamente brasileira. Como se vê, não é. É pan-amazônica.

Essa associação tem origem, entre outros, no fato de que 68% da bacia amazônica e das florestas tropicais se encontram no território brasileiro. Mas no Peru, dono de 13% da bacia, 74% do território é amazônico. Na Bolívia, conhecida mundo afora pelas belezas andinas, 75% das terras são amazônicas, representando 11,2% da bacia. Metade do território equatoriano é amazônico.

Um futuro que encerra enorme desafio: como contribuir para alimentar 9 bilhões de  pessoas, a população que o mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) terá em 2050. Tal contingente humano exigirá um crescimento na produção de alimentos de no mínimo 60% em relação aos níveis atuais. Mais ainda como gerar emprego e renda para 38 milhões de habitantes (25 milhões na Amazônia brasileira) que vivem nesta região.

Pretendemos aqui discutir as assimetrias da região, as vocações econômicas de sua biodiversidade. E assim, demonstrar que em vez de problema a Amazônia é a solução para a complexidade dos problemas que fazem nossa economia derrapar, presa a armadilhas que distanciam o Brasil e alguns dos vizinhos sul-americanos cada vez mais longe dos principais competidores mundiais.

A questão básica proposta pelos autores em seus capítulos configura pontos de reflexão sobre as transformações que estão e irão se processar no século XXI; quais os caminhos, com base na experiência de cada um, que podem ser trilhados levando em conta as vocações naturais ou induzidas da Pan-Amazônia em relação a seu grande futuro.

Não se trata de um livro de história da Amazônia, mas uma coletânea de 23 estudos que exibem perspectivas diversas sobre a região. Com isso, os organizadores pretendem oferecer aos leitores enfoques alternativos de abordagem, os caminhos pensados pelos analistas e ângulos de visão que os próprios leitores poderão assumir em relação às grandes questões examinadas no livro.

O objetivo da obra é também colocar ao alcance de potenciais leitores informações sobre essa região que se encontram dispersas e confusas no imaginário popular. Por exemplo, quantas pessoas têm a compreensão do que seja biodiversidade, sequestro de carbono, manejo florestal, efeito estufa, que, jogados no cotidiano das informações transformaram-se em adjetivo, tal como aconteceu com a ideia do “eldorado”.

Como organizadores (e também autores), Alfredo Kingo Oyama Homma e eu definimos como alvo principal o estudante do segundo grau e do ensino universitário, além de professores e profissionais da imprensa, técnicos, pesquisadores e interessados outros em conhecer ou ampliar aspectos históricos, políticos e socioeconômicos que envolvem a Pan-Amazônia.

Pan-Amazônia será lançado até o final de novembro no auditório da Federação das Indústrias do Amazonas (FIEAM), entidade que patrocinou a produção editorial da obra.