Promover a efetiva integração da Pan-Amazônia demanda drástica redução do distanciamento sociocultural e econômico que separa os diversos países que a integram. Um conjunto de porções de oito nações (Brasil, Colômbia, Peru, Equador, Venezuela, Bolívia, Guiana e Surinam) que ocupam uma área de 7,5 milhões de quilômetros quadrados, 40% da América do Sul, e que reúne uma população de 35 milhões de habitantes. Não obstante a importância econômica do complexo, o nível de diálogo e cooperação técnica e diplomática ainda é relativamente tênue, distanciado e ineficaz.
Difícil de crer, porém os diversos órgãos de pesquisa da região, como o Instituto SINCHI, da Colômbia, o Instituto de Investigación de la Amazonia Peruana (IIAP) e o Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA) não mantêm vínculos explícitos e agendas compartidas em setores da pesquisa com objetivos e metas comuns. De igual modo ocorre em relação às universidades, que, em muitos pontos, torna-se crucial estabelecer currículos comuns, possibilitando, deste modo, uma maior troca de informações e resultados de pesquisa de interesses recíprocos.
Universidade Nacional da Colômbia, Sede Amazônia (Letícia), a Universidade Nacional do Peru, junto com a Universidade Central do Equador, em Quito, a Universidade Federal do Amazonas, do Acre, de Rondônia, do Pará, etc., poderiam estudar e certamente encontrar resultados mais rápidos e eficazes para diversos problemas da região caso interagissem ações em áreas de interesses e metodologias comuns. Como as pesquisas sobre a malária e outras doenças tropicais, a construção naval, a navegação fluvial e o aproveitamento da madeira para produção de etanol, o estudo de princípios ativos para a indústria de cosmético ou de produtos medicinais.
A Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil foi criada exatamente para atender a necessidade de integração plena da região às economias dos países-membros. Anima saber estarem em execução relevantes programas como o Sistema de Vigilância Ambiental da Amazônia e o Programa OTCA Biodiversidade, ambos com apoio do BID, e o Programa Regional Amazônia com financiamento das Agências de Fomento de Alemanha e Holanda.
Outros projetos prioritários estão sendo elaborados, como o de Gestão de Recursos Hídricos, com financiamento do Fundo Mundial para o Meio Ambiente – GEF (Global Environmental Facility), e o de Monitoramento da Cobertura Florestal, que conta com apoio da Organização Internacional de Madeiras Tropicais (OIMT), e consiste na capacitação de técnicos de todos os países para a implementação dos sistemas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE de monitoramento de desmatamento, incluindo a transferência da tecnologia brasileira, como o sistema de informática denominado TerraAmazon.
Durante sua estada em Manaus na quinta-feira passada, a secretária geral da OTCA, embaixadora venezuelana Jacqueline Mendoza, declarou, em visita ao INPA, que um dos grandes projetos da Organização refere-se à implantação do Observatório Regional Amazônico, uma plataforma de gestão de informação e conhecimento sobre a biodiversidade amazônica. Com o sistema, será possível acessar bancos de dados e sistemas de informações dos países membros, tornando o observatório uma importante ferramenta para tomada de decisões e formulação políticas públicas.
Para o diretor do INPA, Luiz Renato de França, a OTCA tem importância e potencial inquestionáveis. “Agora, estamos ávidos para que as ações progridam. Vislumbro oportunidades grandiosas, por exemplo, através de ações regionais com o programa Pró-Amazônia, realizado na fronteira em parceria com o Exército e os nossos programas de pós-graduação dentre outras ações do Instituto”. Espera-se que as medidas preconizadas, além da integração, contribuam decisivamente para a efetiva extinção da imensa pobreza que toma conta desta região.
Manaus, 21 de setembro de 2016.