O Governo vem anunciando um grande investimento em segurança pública. Novas viaturas, novo armamento e mais policiais militares são algumas das medidas que visam consolidar o programa “Ronda no Bairro”. Mas será que isso basta?
É verdade que a população ainda não sentiu os efeitos dos investimentos e que ainda vive uma situação de absoluta insegurança, mas a consolidação das medidas anunciadas deve dar uma mínima sensação de segurança pra quem hoje está tomado pelo medo.
No entanto, se os investimentos anunciados não estiverem acompanhados da conscientização e do comprometimento dos comandos das polícias com a ideia de uma segurança comunitária – construída em diálogo com a população – e, acima de tudo, da valorização salarial e profissional dos policiais, na certa o programa estará fadado ao fracasso.
Do ponto de vista da concepção de polícia comunitária, vejo avanços importantes no comando da Polícia Militar, que tem orientado seus comandados a fazer da comunidade sua aliada prioritária no combate ao crime. Já no comando da polícia civil, permanece uma visão pouco comprometida com a população e pouco preocupada em fortalecer e valorizar seus comandados, gerando insatisfação na corporação e desvalorização dos profissionais mais dedicados.
Já a valorização salarial e profissional dos policiais civis e militares precisa sair do discurso e ser efetivada com medidas concretas, como o envio pelo Governador da Lei dos Subsídios, a elaboração de uma lei garantidora de direitos para a promoção dos praças, e o atendimento das reivindicações salariais e de melhores condições de trabalho dos policiais civis.
Sem corrigir as distorções e os desvios de concepção no comando da polícia civil e sem a garantir melhorias salariais e profissionais, o Ronda nos Bairros tornar-se-á mais uma frustração.
Segurança pública se faz com viaturas, armas, prédios e computadores, mas se faz principalmente com homens e mulheres bem treinados, bem remunerados e valorizados profissionalmente.