Daqui a cinco dias o Brasil terá Dilma Roussef na Presidência da República. Sai Lula, do alto dos seus 80% de aprovação, e entra aquela indicada por ele e aprovada por 55 milhões de brasileiros para sucedê-lo.
A sua responsabilidade é grande, não apenas porque vem depois de Lula, um mito, mas principalmente porque é com ele que vão compará-la. Dilma não é Lula, obviamente.
Quando isso acontece, volto a máquina do tempo a 2003 quando Lula assumiu a Presidência visto por muitos como um risco para a estabilidade econômica e oito anos depois o que se vê é que ele manteve a política econômica baseada em cambio flutuante, responsabilidade fiscal e metas de inflação que vinha dos seus antecessores – Itamar e FHC – embora a tivesse combatido.
O maior êxito do seu governo foi exatamente esse, o de manter a estabilidade, que permitiu a milhões de brasileiros ascenderem de classe social. Quem pulou da classe D para a C e viajou de avião pela primeira vez na vida naturalmente tem Lula como um Deus. Acresça-se a isso a sua excepcional capacidade de comunicação com o povo. Lula deu certo por essa soma, a da manutenção da política econômica com a sua capacidade de comunicação, mas não aproveitou o momento para fazer reformas políticas estruturais, principalmente a política, a tributária, a trabalhista e a previdenciária que permitiriam um avanço muito maior.
Fiz esse registro para dizer que ninguém pode esperar que Dilma seja o Lula. Ela não tem a capacidade de comunicação dele, mas a meu ver, tem uma visão mais clara de que é preciso fazer essas quatro reformas básicas para que o Brasil avance, ao lado da manutenção da política econômica.
A partir dessa constatação, lembro que, infelizmente, na campanha eleitoral não se discutiu nenhuma dessas quatro reformas, mas, por outro lado, a nova presidente terá tanto na Câmara, quanto no Senado confortável maioria que lhe permite abrir o debate sobre esses temas. Obvio que não se pode tratar das quatro questões ao mesmo tempo. Deve começar pela política, depois a tributária, seguindo na trabalhista e por fim a mais polêmica em todo o mundo, mas inevitável, a previdenciária.
Como agenda mínima, entendo que:
– na reforma política, relevo para o fortalecimento dos partidos políticos, o financiamento das campanhas, a simplificação e modernização das regras eleitorais eliminando a judicialização e burocratização das eleições;
– na tributária, a simplificação, modernização, racionalização e uniformização objetivando mudanças que desonerem a folha de pagamento, os investimentos e a produção;
– na trabalhista, o equilíbrio entre a proteção ao trabalhador com o mundo atual, objetivando diminuir a informalidade;
– na previdenciária, a sustentabilidade do regime geral, dos regimes próprios dos Estados e Municípios e a criação do regime próprio da União;
Pode parecer pouco, mas isso é muito, e mais do que isso, sem essas reformas o Brasil vai perder a oportunidade de avançar num momento em que as condições são favoráveis.
Esse é o caminho que espero venha a ser percorrido pela Presidente Dilma.
São reformas essenciais para o contínuo crescimento do Brasil.Espero também, o comprometimento com a constituição desse país, zelando pela liberdade de expressão e liberdade religiosa,vetando projetos de leis dessas naturezas.
Viva a democracia!