André Singer é professor do Departamento de Ciência Política da USP. Foi secretário de Redação da Folha de São Paulo e secretário de Imprensa e porta-voz da Presidência da República no primeiro Governo Lula. Hoje publicou na Folha artigo que, pela sua relevância, estou republicando abaixo.
O PT deveria conversar com Ciro
ANDRÉ SINGER
O pré-candidato socialista detém uma característica que o distingue na geleia geral da política: tem ideias para o Brasil
O DISCURSO pronunciado por Ciro Gomes no plenário da Câmara dos Deputados na terça passada (15/12) abre uma oportunidade que não deveria ser desperdiçada pelo Partido dos Trabalhadores.
Vocalizando o crescente mal-estar com respeito ao comportamento do partido comandado por Michel Temer, Ciro acaba por tocar em ponto nevrálgico da situação atual, com possíveis reflexos de longo prazo, ao dizer à Folha que “a coalizão PT e PMDB tem feito mal ao Brasil”.
Ciro Gomes não é um político tradicional. Em que pesem aspectos tipicamente personalistas, como a simpatia por Aécio Neves, que contrasta com a simétrica antipatia que devota por José Serra, o pré-candidato socialista detém uma característica que o distingue na geleia geral da política: tem ideias para o Brasil. Certas ou erradas, elas introduzem no debate elemento que o distingue da mera barganha entre interesses particulares.
Nos últimos 15 anos, Ciro buscou ocupar o espaço deixado vago com o deslocamento peessedebista em direção à direita do espectro ideológico.
Originário do campo tucano, decidiu se opor ao viés neoliberal que o governo Fernando Henrique imprimiu ao país e ao PSDB, criado em oposição ao fisiologismo do PMDB.
Vale recordar que numa conversão, à época chocante e inesperada, FHC optou por uma aliança com o então PFL (hoje Democratas) na disputa presidencial de 1994. Tal junção descaracterizou o PSDB, como a de hoje com o PMDB ameaça o PT. Menos pelas concessões programáticas que acarreta do que pela falta de conteúdo que implica.
Desde há muito o PMDB deixou de ter apego a um programa. Talvez uma análise minuciosa mostre que o ciclo programático do partido se esgotou quando promulgada a Constituição de 1988. Desde então, a sigla se transformou em um condomínio de lideranças regionais, com as mais diversas inclinações.
A ausência de um ideário comum possibilita maior flexibilidade na ocupação de espaços de poder. Tanto apoia a opção neoliberal do segundo mandato de Fernando Henrique quanto o caminho desenvolvimentista do segundo mandato de Lula. Nunca se ouviu falar de um debate interno ao partido sobre os diferentes projetos que tais governos representam.
Diferentemente, mesmo em meio às transformações que o lulismo tem causado, o PT mantém um vínculo com a tradição que o orientou por mais de 20 anos. O terceiro congresso do partido, realizado em 2007, reafirmou o caráter socialista da sigla e as manifestações da direção partidária ao longo dos últimos dois anos foram sempre no sentido de orientar o Brasil para um modelo pós-neoliberal.
Não deverá ser diferente o programa proposto para a candidatura Dilma no quarto congresso, a ser realizado em fevereiro próximo.
Muitos poderão dizer que são apenas palavras. Mas elas têm consequências práticas. Basta ver a ação dos ministros e parlamentares do PT durante o governo Lula.
Diante das alianças que darão suporte à postulação de Dilma, o PT deveria ser coerente com essas orientações. Consciente de que não tem a maioria dos votos no país, é correto buscar uma aproximação com outras correntes, sabendo que aliança se faz com aquele que pensa diferente.
Mas, para um partido de esquerda que deseja compor uma frente eleitoral, o diálogo esperado é com os vizinhos, sejam de centro-esquerda, como o PSB e o PDT, sejam de esquerda, como o PSOL, o PC do B e o PV de Marina Silva. Pular sobre essas forças para unir-se ao PMDB sem discussão programática alguma é negar o sentido ideológico da escolha.
As razões para priorizar o PMDB não são desprezíveis. Elas atendem ao frio cálculo eleitoral. Deixar os cinco minutos de TV e várias seções estaduais peemedebistas nas mãos de Serra pode ameaçar a vitória nas urnas em outubro de 2010. Assim, é preciso estar consciente de que abrir uma temporada de conversas com a esquerda e a centro-esquerda, que poderia resultar na candidatura de Ciro a vice de Dilma, representa uma trilha ousada. Seria, contudo, uma lufada de ar fresco em um ambiente de sufocante ausência de propostas.
A sugestão presidencial de uma lista tríplice a ser enviada pelo PMDB para escolha do vice e a fala de Ciro na Câmara apontam para o mesmo perigo. O de que a candidatura Dilma seja envolvida por tal realismo que termine por negar os princípios que deseja representar. Mesmo com as incoerências passadas e presentes de Ciro Gomes e do PSB, eles ainda são uma chance que resta ao PT para impedir que o sistema partidário evolua em uma direção pasteurizada que não interessa à sociedade brasileira.
ANDRÉ SINGER, 51, é professor do Departamento de Ciência Política da USP. Foi secretário de Redação da Folha e secretário de Imprensa e porta-voz da Presidência da República (governo Lula).
AMAZONENSES QUE VÃO A MARGARITA CUIDADO.NÃO VÁ.Aproveito esse espaço para divulgar a violencia que está sendo cometida contra Brasileiros na Venezuela,no Brasil existem muitos policiais corruptos porem na venezuela são todos,100% mais os ladrões e marginais que se instalam nas estradas e na cidade de MARGARITA.O assalto ja começa na GRAN SABANA onde os policiais do exercito e guarda nacional saqueiam nossos pertences e alimentos,no resto das estradas somos humilhados pelos assaltantes que nos deixam somente com a roupa do corpo e quando escapamos deses ladrões e assaltantes caimos nas mãos dos terroristas que se dizem policias VENEZUELANOS que inventam infrações para nos extorquir,na fronteira Santa Elena de Uairen temos que pagar um imposto sobre o veiculo 500 reais que protege e cobre somentes aos Venezuelanos se voce bater algum carro deles,a mais nova ação dos delinquentes é a formação de uma falsa greve ou protesto onde tocam fogo em pneus e interditam as estradas e saqueiam voce e seu veiculo,é uma pena que nossas autoridades nada façam para nos defender ja que na VENEZUELA não podemos nem fazer ocorrencia policial nesse pais que deve ter o pior serviço de higiene(banheiros podres)e o povo mais mal educado,não troque dolar na rua pois vc vai cair no conto do vigário e se desconfiar eles te levam a grana com arma na tua cabeça com ajuda da policia que observa e depois pega a parte dela,digo isso por experiencia propria,ADEUS VENEZUELA,só nos resta a transpacifico para irmos ao Peru onde reina a democracia e não a ditadura de CHAVEZ.
Com todo respeito aos partidos mencionados pelo Singer, mas quem sustenta o país é o PMDB. Seja Serra ou Dilma, quem vai dar sustentação ao futuro governo, como já aconteceu com FHC e Lula.
PSB, PDT, PSDB, PT E OUTROS PQPs não tem legitimação como o PMDB junto ao regionalismo Brasileiro. Ideologia? Ideologia é comida no prato e emprego na rua.
Isso é o que domina hoje em dia. Com a queda do muro, o discurso marxista-leninista acabou!