A Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam) é admirável. Em junho, na elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2011, vou indicar ao orçamento federal a verba necessária, em torno de R$ 35 milhões, para sua transformação em hospital. Seguirei o projeto a mim apresentado pela diretora da instituição, Leny Passos.
Fiquei sensibilizado com os internos, inclusive crianças, portadoras de doenças do sangue, como hemofilia e leucemia. Muitas delas, por falta de estrutura local, terão que ser transferidas para Jaú (SP), para o transplante de medula óssea. É de cortar o coração.
Estranho que o Hemoam ainda não tenha sido transformado em hospital. Centro referencial de diagnóstico e tratamento de doenças hematológicas na Região Norte, conta com enfermarias e ambulatórios que oferecem tratamentos especializados, pronto-atendimento, serviço odontológico, acompanhamento fisioterápico, psicológico e social, bem como terapia transfusional, para portadores de hemopatias. Seu banco de sangue atende à capital e até hospitais do interior.
O Hemoam tem controle externo de qualidade e vem obtendo certificados de Elite e Excelência em serviços laboratoriais de imunohematologia. Desde 2001, conta com o certificado ISO 9001/2000 para o Ciclo do Sangue, sendo o primeiro do gênero a obtê-lo no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País. E é instituição de pesquisa de CNPq e Fapeam, com graduação e pós-graduação, em convênio com universidades públicas e privadas.
Ainda assim, a mudança para hospital não é apenas simbólica. Com a imunidade muito baixa, doentes precisam ir a outros hospitais, para exames simples, como Raio-X ou ultrassonografia. Tal risco inexistiria com a mudança e a estruturação correspondentes.
Emocionei-me ao conversar com Holanda, cidadão do Pará, leucêmico, que transformou sofrimento em aprendizado e fala sobre a doença como se fosse médico especialista. Sexta-feira, conforme prometi segunda, voltei ao Hemoam para jogar xadrez com o menino Fabrício. Descuidei-me, com a TV cobrindo o caso Nardoni, e ele me levou a rainha. Estava com o jogo perdido quando a enfermeira aplicou algo no soro e ele me disse que ardia muito. A dor o desconcentrou e ganhei a rainha. Sem a doença, esse menino admirável ganharia ou, no máximo, empataria. É dever de todos oferecer outras armas de resistência a gente como ele.
É digna de registro, e elogios, a dedicação dos funcionários da instituição, desde os serviços gerais até médicos. Também me impressiona o voluntariado do Grupo de Apoio às Crianças Portadoras de Doenças do Sangue – Raio de Sol, sem fins lucrativos que, conforme seu presidente, João Lima, atende a 500 famílias que não têm como se manter, nem onde ficar em Manaus.
Hoje, a maioria dos pacientes do Hemoam é da periferia da capital ou do interior. As pessoas com mais recursos tratam-se em outras cidades. A instituição, portanto, dedica-se exclusivamente aos mais necessitados.
Sempre destinei os recursos de minha emenda parlamentar, no Orçamento Federal, à Prefeitura de Manaus. Em 2011, excepcionalmente, não farei isso.
Quero um hospital Hemoam modelo, com corpo técnico preparado, seguindo a linha atual. Esse é, neste momento, o principal objetivo de minha vida.