Amanhã, se nada acontecer fora do previsto, deverá ser votado pelo plenário do Senado Federal o pedido de admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff. É bom que se esclareça que nesta fase, se for aprovado, e para isso precisa ter 41 votos a favor, a presidente será afastada e o vice Michel Temer convocado. O Senado terá então 180 dias para analisar o mérito do pedido. Para ser aprovado é preciso que seja votado dentro desse período e obtenha 54 votos a favor no mínimo.
E aí, assumindo Temer, o que acontecerá? Estarão resolvidos os problemas da economia e da política? Não, claro que não. Aí terá um período transitório que pode completar o mandato se aprovado definitivamente o impeachment. E nesse período Michel Temer não pode falhar. A começar pela escolha dos ministros. As composições políticas não podem ser feitas a qualquer preço. Qualquer descuido pode ser fatal.
Diante do clima de indignação existente hoje no Brasil, ele terá que deixar claro com atos e gestos que nada será feito por ele para obstruir ou retardar a Operação Lava Jato. Como também será muito desagradável que ele venha a ter como Ministro alguém que esteja na condição de réu perante a Justiça. Este é um daqueles momentos em que a mulher de Cesar não basta ser séria, ela precisa parecer séria.
A partir dos nomes dos ministros e das medidas que venham a ser anunciadas, bem como dos seus resultados a médio prazo, Temer poderá ter êxito na travessia ou ser alvo da indignação popular. Garantir uma coisa ou outra seria um exercício de futurologia. Vamos aguardar.