O Brasil viveu vários ciclos econômicos -e o Nordeste viu apenas a banda passar. Depois da Segunda Guerra Mundial, quando se formulou, em cooperação com os Estados Unidos, o Plano Salte, que procurava colocar o país na era do planejamento, a região não entrou nos seus objetivos.
A verdade é que o Nordeste sempre foi visto sob a ótica da caridade. Símbolo disso foi o gesto de dom Pedro de doar as joias da coroa para combater as secas. Talvez, no ponto mais alto da criação literária do país, o romance nordestino com essa temática tenha favorecido o estereótipo de que a salvação estava no assistencialismo. Foi Celso Furtado, apoiado por um conjunto de políticos jovens de que fiz parte, quem buscou uma solução científica e estruturante para tentar resolver as agruras crônicas da região, integrando-a ao resto do Brasil.
Durante os séculos passados, tínhamos sido exportadores de mão de obra barata para as fazendas de café, construção civil, pequenos empregos industriais e atividades subalternas no centro-sul. Outra corrente migratória, mais miserável, foi para a Amazônia.
Deixou-se escravizar nos seringais. Poucos sobreviveram.
Uma terceira corrente irrompeu nos vales úmidos do Maranhão, onde havia terra devoluta em abundância e muita água. O Estado recebeu mais de um milhão de retirantes, população igual a que já existia em seu território. Hoje, o Maranhão conta com quase 6,5 milhões de habitantes, é o 16º PIB da Federação e possui o segundo porto do Brasil, Itaqui, que exporta anualmente mais de 100 milhões de toneladas de ferro e cereais.
Da era desenvolvimentista de Juscelino, o Nordeste ficou de fora. Só no último ano de seu governo, em 1959, sob a pressão da seca de 1958, é que nasceu a ideia da Sudene.
Nesse projeto, o Estado do Maranhão entrava como área de expansão da fronteira agrícola nordestina.
Agora, nós, maranhenses, que nos queixávamos de não termos riquezas naturais, fomos aquinhoados pelo Criador com a descoberta de gás -só um poço em perfuração equivale à metade das reservas da Bolívia-, além das grandes jazidas de ferro em Cidelândia, bauxita na serra do Tiracambu e ouro em Godofredo Viana.
A Petrobras, com o aval do presidente Lula, escolheu o Maranhão para construir sua refinaria Premium, em Bacabeira, com as obras já iniciadas, a maior da América Latina, devendo processar, quando concluída, 600 mil barris/ dia. E as notícias são de que as plataformas que perfuram o litoral maranhense estão encontrando indícios concretos de petróleo.
O Maranhão está bombando, eufórico e cheio de esperança. O cavalo está selado.