Por Serafim Corrêa
Há trinta anos descobrimos uma grande reserva de petróleo e gás em Urucu. Levamos tempo discutindo o que era melhor para o transporte do gás de lá para cá, onde se daria o consumo. Depois se decidiu pelo gasoduto, mas quando ele foi inaugurado descobriu-se que em Manaus não existiam consumidores na mesma proporção para viabilizar o investimento do gasoduto. E a ELETROBRÁS que havia se comprometido a comprar certa quantidade de gás, consumia bem menos. E o gás extraído era reinjetado. Negoção.
Depois de idas e vindas com o linhão de Tucuruí chegando à Manaus, a Eletrobrás com um passivo enorme junto à Petrobrás (porque havia se comprometido a comprar X, mas consumia – X) decidiu fazer uma grande usina que resolveria de vez vários problemas como a segurança energética, vender a sobra para o linhão de Tucurui e cumprir o contrato com a Petrobrás.
Claro que para fazer esse investimento de mais de UM BILHÃO E DUZENTOS MILHÕES DE REAIS foram tiradas todas as licenças e levou tempo para a obra iniciar e ser concluída: mais de cinco anos.
Agora a usina vai entrar em funcionamento, mas eis que o Ministério Público Estadual “descobriu” , ora veja, que a usina vai gerar algum barulho e pode prejudicar o ar.
E abre um Inquérito Civil Público.
Quer dizer, durante mais de cinco anos o MP ficou calado e agora descobriu que usina, qualquer que seja, em qualquer lugar do mundo gera barulho.
E sinaliza querer embargar a entrada em funcionamento.
Mais cinco anos ele vai descobrir que a usina a gás gera baixíssima poluição, talvez a menor de todas.
Talvez mais cinco anos descubra que a usina fica numa ponta da cidade de baixíssimo impacto, talvez o menor possível, e que os terrenos da vizinhança são patrimônio da União reservados ao Distrito Industrial, portanto, para a construção de fábricas que geram barulho. Foram invadidos e o MP nunca viu isso.
Talvez descubra, ainda, que no local existe uma ilha onde está um cemitério.
A fotografia do local disponível no Google talvez ajude o MP a descobrir mais coisas.