O Projeto de Lei conhecido como “Ficha Limpa” foi, finalmente, aprovado pela Câmara dos Deputados, após conhecidas resistências. Chegou ao Senado e espero que não encontre tantas objeções. Espanta-me terem líderes governistas dito não ser o projeto prioridade da Casa. É prioridade da sociedade. Minha bancada votará, integralmente, fechada, pela aprovação.
Não há como menosprezar uma proposição que chegou ao Congresso assinada por 1,7 milhão eleitores, 700 mil a mais que o mínimo exigido pela Constituição e que conta hoje com mais de 4 milhões de adesões. Há quem alegue, numa comparação marota, que se trata de número inexpressivo, diante dos quase 200 milhões de eleitores registrados no País. É, porém, a representatividade do Brasil esclarecido, formador de opinião, combativo, ansioso pelas mudanças que promovam o avanço da Democracia. E, de mais a mais, nós, que vamos votar a matéria, somos apenas 81 senadores.
Não fosse a proposição expressiva na origem, e o apoio de entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é altamente meritória por estabelecer medidas destinadas a melhorar os costumes políticos. A vida pública brasileira está precisando disso.
Prepondera a falsa imagem de que os homens públicos brasileiros são todos maus. Isso gerou uma distorção. Chegamos a um ponto que nos rebaixa. As pessoas apontam alguém e dizem: “Esse é um homem honesto, um homem de bem.” Para mim não é elogio. Ser correto é o normal. Ninguém deve ser elogiado por isso.
Fui criado assim e procuro corresponder aos exemplos e ensinamentos que recebi de meus pais e avós. Do jeito que as coisas andam, no entanto, daqui a pouco, ser homem de bem parecerá grande coisa. Bastará por si mesmo. Não será preciso fazer mais nada. Se é homem de bem, poderá ser relapso, preguiçoso, negligente no trabalho.
Não chegamos, felizmente, a esse ponto. A maioria dos congressistas é constituída de homens de bem e trabalhadores. Muitos não aparecem tanto, talvez por serem menos vocacionados para a tribuna. Preparados e experientes prestam relevante serviço no muito importante, embora quase anônimo, trabalho das Comissões, onde as proposições passam e são examinadas em profundidade.
Pessoas de má índole na vida pública são minoria. O problema é que, de tão ruidosas, passam a ideia de ser maioria. Farejam negócios, farejam dinheiro e passam para o País a impressão de que vida pública é isso. Na verdade, uns estão querendo negócios e outros, muitíssimos mais numerosos, querem trabalhar, cada qual com a sua visão de Brasil e de mundo, concorde-se ou não com ela, querendo contribuir para o crescimento do País. Esses são os verdadeiros homens públicos.
O grande político britânico Benjamin Disraeli disse que a Inglaterra sempre será um grande país porque “a ousadia dos seus homens de bem é tão grande quanto a dos canalhas”. Não podemos permitir que, no Brasil, os homens de bem se intimidem e cedam espaço à ousadia daqueles que não se portam de acordo com as boas regras no trato da coisa pública.
O projeto “Ficha Limpa”, que terá de ser aprovado pelo Senado, contribuirá para isso. A firmeza dos bons haverá de superar o barulho dos maus.
* Arthur Virgílio Neto é senador pelo Amazonas e líder do PSDB.
Grandíssimo texto e de uma lucidez. Só resta aos “Fichas sujas” torcerem o nariz!
Maias uma vez, o deboche desse senador. Até onde me lembro, esse senador arhur virgilio neto só tem feito politica partidária na vida dele, prefeito de Manaus, deputado federal e senador, então, por que esse senador não propôs um projeto ficha limpa durante essas trê décadas mamando no erário e usando a tribuna para falar sem dizer?
De onde o assessor do senador arthur virgilioneto tirou o dinheiro para pagar o empréstimo feito para pagar as contas do cartão de crétido em Paris?
Caro Dalvo penso que o senador Arthur Virgílio e assim como você e eu não estamos livres de deslizes em nossa vida.
Sem hipocrisia, mas o povo brasileiro é maior culpado, pois coloca lá em Brasília políticos bandidos. Na frente de outros que até mandar matar já mandaram, o senador Virgílio não pode ser crucificado por ter enviado uma pessoa para estudar na Europa. Errado é, mas dos males o menor.
Era só o que faltava. Politicos não fazem o que prometem, vivem as mordomias às custas do trabalho do contribuinte, somos obrigados a votar e ainda aparece uma coisa dessas dizendo que o eleitor é culpado… francamente, é desses que os políticos precisam pra continuar na gandanha às custas do suor alheio.
Não sou culpado de nada.