As pessoas são a riqueza das nossas cidades. Gosto de sentir o pulsar nervoso de São Paulo, às vezes exagerado, mas que nos faz perceber uma cidade viva e com gente que se esforça para garantir uma vida melhor para si e suas famílias.
Sabemos, porém, que a vida familiar tem ainda uma base material, firmada em oportunidade de negócios, no acesso a empregos e renda dignos.
Qualidade de vida implica segurança, ambiente não poluído, transporte bom e barato, parques e acesso a bom atendimento na saúde; escolas nas quais se aprenda adequadamente.
Mas, para oferecer tudo isso, uma cidade tem que ter uma produção de riqueza fundada em suas empresas.
Aí está o sério problema que hoje poucos se dão conta.
São Paulo vem se tornando “cada vez mais” menos competitiva. Em vez de ousar, inovar e se adequar a oferecer as melhores condições de atratividade ao capital e à sobrevivência empresarial, pouco faz.
Nossa cidade deixa uma interrogação para empresas que avaliam sua expansão ou que gostariam de aqui vir usufruir dos benefícios de uma grande metrópole. Vale a pena?
A partir de 2004, o Brasil retomou um ciclo de desenvolvimento que nossa capital não aproveitou e que acabamos não usufruindo como o fizeram outros Estados e cidades.
Não foi planejado como ficaria o trânsito com o poder aquisitivo aumentado e a vontade do brasileiro em ter seu automóvel, principalmente se as alternativas não são boas.
O pandemônio que o paulistano enfrenta para ir e voltar ao trabalho exemplifica bem o que significa para um investidor colocar ou ampliar seu negócio na cidade.
O abandono de todo o projeto de desenvolvimento da zona leste ilustra o descaso com uma região que abriga um terço dos habitantes da cidade. Projeto ressuscitado agora para poder isentar de impostos a construção do Itaquerão.
Ao analisarmos o mercado de trabalho paulistano, percebemos mudanças que refletem a transformação da lógica de organização econômica.
Entre 2004 e 2010, os novos empregos com carteira assinada migraram de setores como indústria e comércio para serviços e construção civil. São Paulo deixa de ser produtora e exportadora de bens e passa a atender as necessidades de consumo de seus habitantes.
É possível que isso seja uma tendência que atinja as metrópoles. Mas em São Paulo esse processo está ocorrendo com mais intensidade.
E essa mudança na organização econômica limita a evolução da renda média real do paulistano. No mesmo período, entre 2004 e 2008, ela cresceu 1,9% ao ano, inferior à média nacional. É pouco para nós, paulistanos!
São Paulo não pode esquecer seu lema: “Non ducor duco”. São Paulo não pode ser conduzida, conduz.