Por Chico de Gois e Luiza Damé – O Globo-Agência Brasil
BRASÍLIA – A nova ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse nesta sexta-feira em entrevista no Palácio do Planalto que em sua vida política já executou diversas tarefas e, para cada uma, atuou de acordo com as exigências. Foi uma forma indireta de responder às críticas de que, embora tenha sido senadora e atuado como líder do PT e do governo na Casa, atuará para minimizar o impacto negativo causado com sua nomeação no PT da Câmara. Conhecida por seu jeito às vezes explosivo de agir, Ideli tratou de acalmar a base aliada:
– Não sei se serei a Idelizinha paz e amor, mas a do ouvir muito e negociar mais _ disse ela.
A nova ministra da Secretaria de Relações Institucionais afrimou que a troca de pastas com Luiz Sérgio, que assumirá o Ministério da Pesca, é apenas uma mudança de tarefas, mas não de responsabilidade porque o governo é um só.
– O importante é que o governo como um todo esteja em harmonia – declarou, observando que pretende atuar em conjunto com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.
– Imaginar que a Gleisi vá executar apenas tarefas de gestão é não ter conhecimento da trajetória política dela. Vamos parceirizar (sic).
Luiz Sérgio nega que Ministério da Pesca seja prêmio de consolação
Já Luiz Sérgio, que chegou de braços dados com Ideli para a entrevista coletiva, tratou de pôr panos quentes na disputa do PT que lhe custou o cargo. Ele afirmou que a mudança foi uma reformulação natural diante do fogo amigo e elogiou o ministério da Pesca.
– O Ministério da Pesca é muito importante, tem um peso econômico muito significativo – disse o ministro que, na próxima segunda-feira, passa a ocupar a pasta. – Para quem é de Angra dos Reis, que nem eu, pescar é mais que uma obrigação. É uma atividade que dá prazer – disse ele, mostrando estar ao lado de Dilma:
– A presidente, diante do que estamos assistindo, buscou uma reformulação que é natural dentro de todo governo – afirmou.
Com sua calma habitual, disse que não guarda mágoa contra os que o bombardearam para lhe tirar o cargo, sobretudo os petistas da Câmara.
– Os sentimentos de mágoa e rancor não têm espaço na minha maneira de ser. É passado.
Ele negou que houvesse desarticulação na base aliada.
Ideli Salvatti tem fama de defensora do governo
A nova titular da Secretaria de Relações Institucionais, a paulistana Ideli Salvatti, 59 anos, casada e com dois filhos, é física formada pela Universidade Federal do Paraná, mas fez carreira política em Santa Catarina, onde ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT) no estado. Pela agremiação, se elegeu deputada estadual para duas legislaturas, e senadora em 2002. Ano passado, disputou o governo catarinense, mas não conseguiu chegar ao segundo turno. Ficou em terceiro lugar na eleição vencida pelo candidato do DEM, Raimundo Colombo.
No Congresso Nacional, construiu a imagem de “parlamentar aguerrida”, que sempre defendeu os interesses do governo Lula, mesmo quando isso lhe causou problemas diante do eleitorado, como recorda um dos principais adversários políticos dela, o líder do PSDB, Álvaro Dias (PR).
Comentário meu:
O Governo Dilma está no começo e ela tem o direito de fazer os ajustes que achar convenientes. O cargo de Secretário de Relações Institucionais é espinhoso por ter a responsabilidade de ouvir e receber parlamentares, prefeitos e governadores em suas demandas perante o Governo como um todo, sem, contudo, ter poder de decisão. Apenas articula. Por outro lado, tem a responsabilidade de atuar nas votações das matérias de interesse do Governo no Congresso.
O deputado Luiz Sérgio sai desgastado por conta de uma ironia que “pegou”. Como não tinha poder de decisão, parlamentares o apelidaram de “Ministro Garçom”, aquele que só anota o pedido, mas depende da cozinha para atender o cliente. Agora que está indo para o Ministério da Pesca surge nova piada: já que era um peixe fora dagua, nada melhor do que ir para o Ministério da Pesca.