Nos anos 80, Umberto Calderaro Filho, fundador de A CRÍTICA, criou o ESTANDARTE DO POVO, prêmio para as melhores escolas de samba. Decisão tomada, passou à escolha dos jurados. Faltava o jurado para julgar “harmonia”. Eis que entra no gabinete do Seo Umberto o Gandur Dacache, bom mineiro que editava a revista EFICAZ, mas não entendia nada de carnaval.
Calderaro, com seu vozeirão gritou:
— Seo Gandur, o senhor vai ser jurado do quesito harmonia do Estandarte do Povo. Está aqui a sua pasta, esteja às oito horas da noite no palanque.
— Perfeitamente, Seo Calderaro. Fico muito honrado com o seu convite, que para mim é uma ordem.
Realizado o desfile, foram recolhidos os envelopes lacrados para serem abertos no dia seguinte, quando seriam conhecidos os vencedores.
Venceu a Aparecida. Foi aquela festa.
O Gandur lá, participando de tudo. Quando ficaram só os de casa, Calderaro, fazendo um sinal para os demais com uma piscada de olho, questionou Gandur:
— Seo Gandur como é que o senhor me faz um papel desse? Deu dez para todo mundo? Se todos os jurados fossem iguais ao senhor ia dar empate!
Gandur, na maior calma do mundo, mansamente, disse:
— Seo Calderaro, o desfile se processou na mais perfeita harmonia. Não houve nenhuma briga em nenhuma escola.
Gargalhada geral.