Por Alfredo MR Lopes, alfredo.lopes@uol.com.br:
No último encontro de atração de investidores, em maio último, com o presidente da Precious Woods, o suíço Brütsch Markus, da Mil Madeireiras, empresa do ramo de Silvicultura, interessado em diversificar a economia com insumos regionais, o pioneiro Moysés Israel, do alto de seus 92 anos, deu uma aula, em inglês, sobre os acertos de cultivar pinhão-manso, para produção sustentável de combustível, um biodiesel verde. A empresa suíça , que está presente em Itacoatiara há mais de três décadas, de quebra, daria oportunidade de autonomia energética para diversificar empreendendorismo na floresta. Ele recordou que plantar na Amazônia, onde há 17% de mata removida, adensando áreas ou repondo o passivo de projetos equivocados, é um dos compromissos do Brasil no Acordo de Paris, para ajudar no equilíbrio climático. Moysés é um dos principais dirigentes da Federação das Indústrias do Amazonas, e um dos fundadores da entidade, há 55 anos. Ele sugeriu ao suíço áreas vocacionadas para este fim e descreveu as vantagens da sua utilização com pinhão-manso, pesquisa que já tem mais de 11 anos, com mapeamento de super mudas, já produzidas pela Universidade da Califórnia e de Israel, a Technion, Instituto Israelita de Tecnologia. Sua pesquisa lhe custou a visita, em 2014, de dois emissários da Boeing, a maior fabricante mundial de jatos, que testaram o biodiesel de pinhão-manso, o mais eficaz e rápido na injeção dos motores de atuação bélica. Depois dessa pesquisa, a Boeing e o Parque Tecnológico da São José dos Campos/Instituto Tecnológico da Aeronáutica, fizeram uma parceria de P&D para promover avanços na utilização dessa espécie amazônica.
Moysés traz no portfólio de utopias a experiência bem sucedida de Cosme Ferreira, outro grande pioneiro, mentor de Petronio Augusto Pinheiro e Antonio Andrade Simões, na Companhia Brasileira de Plantações e Nacional de Borracha, construtores da economia regional. Moysés foi co-fundador e Diretor da Cia de Petróleo da Amazônia, sócio da l. B. Sabbá & Cia Lida, e foi buscar em Los Angeles, não apenas a refinaria de petróleo, instalada em 1956, mas a presença fraterna e proativa de dois parceiros decisivos na consolidação da Zona Franca de Manaus, Roberto Campos, e Arthur Amorim, autores do detalhado projeto, o mais acertado arranjo de desenvolvimento regional, baseado em renúncia fiscal.
Nos anos 70, ao acompanhar o projeto do governador Danilo Areosa, que atraiu empreendedores paulistas para promover a Pecuária na Amazônia, recomendou ao pioneiro Sergio Vergueiro trocar o pasto por cultivo de castanha, a Bertholethia Excelsa, uma atividade que ajudou o órgão ambiental a estimular o cultivo de espécies tropicais. Para cada árvore que abastecesse a indústria de laminados de madeira em Itacoatiara, as empresas encomendavam o plantio certificado de 10 mudas. Com isso, em vez de pasto, os Vergueiro plantaram castanha, pupunha, cumaru e copaíba e, hoje, mais de três décadas de ensaio, 5 milhões de mudas distribuídas e três milhões crescendo e produzindo na Fazenda Aruanã, com apoio de INPA e Embrapa, acolhem os cientistas do Centro de Biotecnologia da Amazônia, e o InMetro, tendo à frente um dos maiores pesquisadores de anti-malaricos do Inpa, Adrian Pohlit, para agregar inovação tecnológica a esses cultivares. A USP, Universidade de São Paulo, já avançou na relação da castanha com tratamento coadjuvante de problemas cognitivos nem idosos, Alzheimer, além de pesquisas com diabetes, obesidade e disfunções renais, com adoção inteligente do selênio da castanha do Brasil, da Amazônia, ou do Pará. São as novas matrizes econômicas defendidas por Wilson Périco, presidente do CIEAM, o Centro da Indústria, arauto da diversificação rumo à floresta, uma bandeira que Moysés Israel está acompanhando de perto , e que o Estado começa a adotar. Mais do que ensaios, este é o pinhão de Moysés Israel, no sonho de uma energia sustentável para repartir a prosperidade pelos beiradoes amazônicos.
Parabéns, Moysés Israel!!!