Diante da matéria de hoje de A CRÍTICA sobre o memorial Encontro das Águas que republiquei abaixo tomo a iniciativa de relatar aqui um pouco de história do projeto que, lamentavelmente, não se concretizou.
Em 2005, o então vice-prefeito Mário Frota foi procurado pelo jornalista Orlando Farias, então editor da coluna SIM e NÃO que o levou até o local mostrando a beleza e a importância de se ter ali um mirante. Empolgado com a ideia, Mário me procurou e relatou a visita.
Dias depois fui até lá juntamente com o saudoso senador Jefferson Péres. Também ficamos encantados com a vista, sem dúvida a melhor de terra dessa beleza que Deus nos deu: o Encontro das Águas. Semanas antes o saudoso Aníbal Beça havia me dito que seria muito importante que Manaus tivesse uma obra da lavra de Oscar Niemeyer, aquela altura com mais de 100 anos de idade. Troquei ideias com Jefferson sobre a construção de um memorial naquele local que levasse a assinatura do grande arquiteto brasileiro. Seria uma forma, inclusive, de atrair a atenção dos que visitam a cidade para a zona leste e que sempre se limitou à zona sul e/ou oeste.
Chamei o Carlos Valente que fez os primeiros contatos e foi ao Rio de Janeiro juntamente com o vice-prefeito Mário Frota tratar com Oscar Niemeyer. O contrato foi assinado e o projeto custou R$ 600.000,00
Quando o projeto ficou pronto fui ao Rio de Janeiro recebê-lo das mãos de Niemeyer e disse-lhe que correria atrás de recursos para fazer a obra e gostaria desde logo convidá-lo para vir à inauguração. Ele que tinha aversão a avião disse-me: “Vou de bote” e soltou uma gostosa gargalhada.
A Prefeitura, naquele tempo muito mais do que hoje, tinha dificuldades orçamentárias. Bem que tentamos, mas não conseguimos, principalmente perante o Governo Federal, viabilizar os recursos. O fato foi que deixei a prefeitura no final de 2008, sem conseguir avançar.
Em 2011, o então Governador, hoje Senador eleito Omar Aziz, pediu ao seu Secretário de Governo, George Tasso, que fizesse um contato comigo. Gostaria de implantar o projeto para que lá fosse um dos locais de Fifa Fan Fest. Disse-lhe que seria ótimo, o projeto era da Prefeitura e cabia ao então prefeito Amazonino Mendes repassá-lo. De minha parte ficava alegre que finalmente o projeto saísse do papel.
O projeto foi repassado para o Governo do Estado, mas o Encontro das Águas havia sido tombado pelo IPHAN. Em principio não teria nada a ver, pois o tombamento era do encontro das águas e não das terras. Só que o IPHAN deu uma guinada, saiu das águas, entrou nas terras, só para incluir o local no tombamento. No restante da demarcação, o limite é a margem. Lá, entra na terra. Por que? Desconheço a razão desse procedimento, mas como jabuti não sobre em árvore, ou foi enchente, ou mão de gente. E por maior que seja a enchente não chega lá. Então, foi mão de gente. Veja a foto abaixo:
Então, o IPHAN botou a sua banca e o Governo do Estado desistiu de levar adiante o projeto, preferindo concentrar os eventos da Copa do Mundo na Ponta Negra.
A partir daí não se falou mais no projeto. Hoje A CRÍTICA mostra o abandono do local.
Continuo com a opinião que essa obra deve ser feita. Ela vai viabilizar um polo de turismo, na zona leste, e permitir que milhares de pessoas, manauaras ou não, tenham uma visão privilegiada dessa beleza que Deus nos deu.
Sugiro às nossas autoridades envolvidas com o turismo, principalmente, que visitem o local, que talvez nem conheçam. Vão ver a beleza do encontro das águas do melhor ponto.
A foto abaixo dá uma ideia, mas é bom ir lá. Ninguém vai se arrepender e com certeza o projeto ganhará outros entusiastas.