A CRÍTICA e o DIÁRIO DO AMAZONAS de hoje trazem amplas e consistentes matérias sobre a decisão do MEC de proibir a Universidade Federal do Amazonas de realizar vestibular daqui a quatro meses, caso a Universidade não resolva vários problemas que o curso enfrenta. Na última avaliação do ENADE, o curso teve um desempenho ruim. Daí, o MEC realizou inspeção e agora ameaça de punição.
O diretor recém empossado, Dirceu Ferreira, disse que não pode resolver os problemas dentro de prazo tão curto e que vai procurar o Governo do Estado e a Prefeitura para que ajudem.
É lamentável o quadro em que se encontra o curso de Medicina.
Agora cabem duas observações.
A primeira, o MEC que faz exigências, todas elas corretas, diga-se de passagem, é o mesmo MEC que se omitiu ao longo do tempo. Não basta exigir; ele próprio tem que resolver. Até parece que a UFAM não está dentro do MEC. O problema é do MEC. Agora, ele faz de conta que o problema não é dele e exige e ameaça procurando sair de bonzinho e deixando a Universidade como vilã. É responsabilidade do MEC, de criar as condições financeiras e gerenciais para a solução das dificuldades.
A segunda é o apelo do diretor Dirceu Ferreira ao Estado e ao Município para que socorram a UFAM, que é Governo Federal.
Isso é a completa inversão de valores. Ficou tudo de cabeça pra baixo. O Município socorrendo a União? A lógica não seria o inverso?
O motivo da estrutura funcional da Faculdade de Medicina esta deteriorada, não diminui a inteligência dos acadêmicos, portanto não justifica as notas baixas no Enad. Hoje temos ferramentas inteligentes para nos apoiar nos estudos, e antes como as pessoas que estudavam medicina faziam para estudar sem os recursos de hoje tem? e são ou foram tão bons,ou melhor, quanto os de hoje. Acredito que a maioria faz medicina não por amor mais pelo retorno financeiro, e isso causa desinteresse pela essência da profissão, então está na hora de pensarmos na forma de elegermos os futuros médicos, vestibular, passando a visar o dom e não a relevância intelectual.
É difícil para administradores aceitarem uma falta de capacidade em definição de um cronograma, não importando as dificuldades para implantação e sim a metodologia à ser usada.
Primeiro o planejamento, depois as dificuldades.
Torço para que de fato uma intervenção técnica e administrativa possa salvar esta faculdade, pois me parece muito simples reverter este quadro.
Neste país, o Estado pouco dá e muito cobra. Para quem tinha dúvidas, aí está uma prova irrefutável.