Devagarinho, o PAC vai se convertendo numa espécie de Programa de Aceleração da Controvérsia. Nesta sexta (22), Marina Silva, a presidenciável do PV, achegou-se à polêmica, até aqui restrita a tucanos e petistas.
Disse: “O programas tem um visão equivocada. É a visão da aceleração pela aceleração…”
“…Precisamos dos investimentos em infraestrutura, mas ele pode ser feito de forma cuidadosa com as questões sociais e ambientais”.
Não considera a hipótese de acabar com o PAC, como defendera Sérgio Guerra, o presidente do PSDB. Tampouco considera que tenha alcançado a perfeição apregoada por Dilma Rousseff, a presidenciável do PT.
“Tem que se pensar a infraestrutura do país de forma mais estratégica. Não se trata apenas de ter investimentos fragmentados…”
“…É preciso ter um olhar mais integrado para o programa”. Acha que o trololó entoado por PSDB e PT ao redor do PAC é sinal da antecipação da campanha.
Pela lei, a campanha começa em 5 de julho. Rendendo homenagens ao óbvio, Marina atribuiu a Lula a subida prematura dos contendores ao ringue. “Houve um antecipação e fica difícil para os demais não se colocarem na pré-campanha”.
Acha que, ao levar Dilma à vitrine, fica difícil para o governo “exigir que os demais [candidatos] fiquem sentados”. Como Marina não falou em extinção do PAC, Dilma não há de dirigir a ela os ataques que endereçara ao tucano Sérgio Guerra.
Como os reparos de Marina pingaram de seus próprios lábios, o petista Ricardo Berzoini não há de acusá-la de ser jagunça terceirizada. Marina falou no Rio. Foi à cidade para gravar participação na propaganda televisiva do PV. Vai ao ar em 4 de fevereiro, no horário nobre. Coisa de dez minutos.
Realçará um tema único: educação. Destacará a biografia de Marina, uma ex-seringueira alfabetizada aos 16 anos. Ao falar aos repórteres, Marina tinha a seu lado o deputado verde Fernando Gabeira, que confirmou sua condição de candidato ao governo do Rio.
Gabeira pilotará uma coligação igual à que o levara ao segundo turno da eleição municipal carioca de 2008: PV, PSDB, DEM e PPS. A aliança com o bloco que dá suporte à candidatura presidencial do tucano José Serra sugeriria a formação de um palanque duplo.
Inquirida, Marina esclareceu, com a voz mansa que a caracteriza: não vai compartilhar Gabeira. “Dividir com Serra de jeito nenhum. Sou possessiva”. Marina apenas ecoa em público os acertos que Gabeira faz em privado. Terá como candidato a vice-governador um tucano.
No primeiro turno, Gabeira cuida de sua própria campanha e da de Marina. Caberia ao vice do PSDB levar o nome de Serra à campanha do Rio. No segundo turno, vingando a disputa Serra X Dilma, Gabeira estaria à vontade para postar-se ao lado do tucanato.
Marina mostra serenidade ao falar a verdade, sem a necessidade de atacar, difamar pessoas ou florear com frases que o público não consegue discernir, fala a verdade que todos entendem.
Daniel Costa.
O que me decepciona cada vez mais na Marina é essa busca por alianças com os DEMOS e com o PSDB, que representam o atraso no país. Principalmente depois deste final: “…No segundo turno, vingando a disputa Serra X Dilma, Gabeira estaria à vontade para postar-se ao lado do tucanato.”
Ou seja, corre um risco enorme de vermos o PV e, por consequencia Marina, ao lado dos tucanos e dos DEMOS no segundo turno.