MANAUS: O aniversário é amanhã, mas a festa começa hoje.

Amanhã, 24 de outubro, é o aniversário de Manaus, mas a festa começa hoje com a devolução à cidade do seu Mercado logo mais à noite.

É um resgate onde muitos trabalharam para que ele acontecesse e uns poucos atrapalharam. E atrapalharam muito. O importante é que essa página está virada e cumprimento daqui TODOS, sem excluir ninguém, que de uma forma ou de outra deram a sua contribuição para que vivêssemos esse reencontro da cidade com sua tradição. Parabéns em especial ao Prefeito Arthur Neto e sua equipe que está concluindo a obra e entregando-a a cidade.

Manaus, como dizia o Gil Barbosa, é a cidade dos mil contrastes. Ao mesmo tempo em que temos o mais importante polo industrial do Norte Nordeste temos também imensos bolsões de pobreza e miséria. De um lado da avenida o IDH é igual ao da Noruega e do outro ao da Namíbia.

Foto de Carlos Batata

É uma cidade bela e formosa, alegre e festeira e que tem como maior qualidade o seu povo que surgiu da mistura de muitas raças. Foi fundada por portugueses que se misturaram com índios, negros e, em seguida, com judeus, árabes e tantas outras raças resultando num povo sem ódios, que sabe levar a vida e enfrentar as dificuldades, como ninguém.

Viveu o apogeu da borracha quando pelo seu porto saiam a maior parte das exportações brasileiras que geraram as divisas necessárias para São Paulo fazer nascer o seu hoje parque industrial. Foi um momento de glória para a cidade com o surgimento, inclusive, aqui da primeira Universidade brasileira. Na sequencia, com a quebra da borracha, a primeira coisa que aconteceu foi o fechamento da Universidade.

No século passado, Manaus viveu décadas de penúria e decadência, mas a partir dos anos 60, com o projeto Zona Franca, passou a viver outro momento. Claro que com bônus e os ônus. O bônus de termos uma economia pujante que assegura crescimento econômico, empregos e recursos ao poder público, mas o ônus de assistirmos ao crescimento desordenado da cidade com todas as consequências que disso decorrem.

A minha vida é toda ligada a Manaus. Os meus avós e pais eram trabalhadores da construção civil e vieram para cá em busca de trabalho que não havia em Portugal no início do século passado. Aqui eu nasci, me criei, estudei,casei, vi nascerem meus filhos e netos e tive a sublime honra de ter a confiança da minha gente para que eu fosse um dos poucos a dirigir os destinos da cidade, o que fiz com dedicação integral. Nossa família está na quinta geração em Manaus: são três meninos e seis meninas que vão dar continuidade às nossas vidas.

Parabéns, Manaus. E vamos em frente.